O Reino Unido e Portugal anunciaram que irão reconhecer oficialmente o Estado da Palestina neste domingo (21/9), desconsiderando a forte oposição dos Estados Unidos e de Israel. Na Assembleia Geral da ONU, marcada para segunda-feira (22/9) em Nova York, aproximadamente dez países devem formalizar seu reconhecimento ao Estado palestino.
O Reino Unido, tradicional aliado de Israel, tomará essa decisão já neste domingo, conforme noticiado pela imprensa britânica. O primeiro-ministro Keir Starmer revelou em julho que seu país apoiaria o reconhecimento da Palestina durante a Assembleia Geral da ONU, exceto se Israel implementasse compromissos específicos relacionados à Faixa de Gaza, incluindo um cessar-fogo no conflito que já persiste há quase dois anos.
Também neste domingo, o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, declarou que seu país passou a reconhecer a Palestina como Estado: “O Canadá reconhece o Estado da Palestina e está disposto a trabalhar em conjunto para garantir um futuro pacífico tanto para a Palestina quanto para Israel.”
A Austrália também anunciou a decisão de reconhecer o Estado Palestino por meio de suas redes sociais.
Diante da piora da situação, com a ofensiva terrestre na Cidade de Gaza em andamento, o premiê britânico deve oficializar sua decisão antes do evento anual mais importante da ONU, segundo informações da BBC, Press Association e The Guardian.
Starmer acredita que tal iniciativa poderá fortalecer o processo de paz. Em resposta, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusou o líder trabalhista de premiar o “terrorismo monstruoso”.
Em Portugal, o Ministério das Relações Exteriores confirmou na sexta-feira que o país reconhecerá o Estado da Palestina neste domingo. A decisão foi anunciada em julho, em vista do agravamento do conflito, tanto pelo sofrimento humanitário como pelas preocupações sobre a possível anexação de territórios palestinos.
Nos últimos meses, diversos países, inclusive alguns aliados de Israel, adotaram essa postura simbólica, conforme a ofensiva de Tel Aviv em Gaza se intensificou após um ataque do movimento islâmico palestino Hamas em 2023.
Em uma cúpula co-patrocinada pela França e Arábia Saudita para discutir a solução de dois Estados, cerca de dez países devem confirmar formalmente o reconhecimento do Estado palestino.
O vice-primeiro-ministro britânico David Lammy, que representará o Reino Unido na Assembleia Geral da ONU, ressaltou que o reconhecimento é uma resposta ao aumento da violência na Cisjordânia e à intenção de construir o projeto E1, um conjunto de habitações que poderia dividir o território palestino e comprometer a solução de dois Estados.
Lammy destacou a importância da libertação dos reféns mantidos pelo Hamas e afirmou que não há espaço para a atuação desse grupo.
Atualmente, cerca de 75% dos 193 Estados-membros da ONU reconhecem a Palestina, proclamada como Estado pela liderança palestina no exílio em 1988.
Os recentes reconhecimentos ocorrem em meio a uma grande ofensiva militar israelense na Cidade de Gaza, que visa destruir o Hamas após o ataque ocorrido em outubro de 2023 que resultou na morte de mais de mil israelenses, em sua maioria civis.
Segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas em Gaza, as represálias israelenses causaram a morte de mais de 65 mil palestinos, também em sua maioria civis.