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sábado, 28/06/2025




Região rural do RS enfrenta 1 ano sem reconstrução de ponte após enchentes

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As comunidades rurais de Sítio dos Melos, Sítio Alto, Santos Anjos, situadas em Faxinal do Soturno, e de Ivorá, no Rio Grande do Sul, estão isoladas há pouco mais de um ano, desde que a ponte no Km 32 da ERS-348 foi destruída pelas enchentes de maio de 2024. O estado gaúcho enfrenta novamente fortes chuvas.

A ponte ligava municípios da região central do Rio Grande do Sul e era essencial para o acesso a serviços básicos. As comunidades, compostas por pequenos agricultores, dependem da estrada para acessar a cidade, escoar produções e realizar serviços de saúde e educação.

No início, os moradores buscaram alternativas, conforme relata Alceu Barchet, morador de Sítio dos Melos. “Usamos nosso barco para a travessia, pois precisávamos buscar remédios, roupas e alimentos. Depois, construímos uma passagem de madeira e eucalipto”, conta o agricultor, de 67 anos.

O Exército chegou a instalar uma ponte provisória no Rio Guarda-Mor, que atravessa a região, mas ela era removida quando havia previsão de chuva. “Ficávamos isolados, recebendo promessas do governo do estado sobre o início da reconstrução da ponte, mas passou mais de um ano sem avanços”, reclama.

Impactos nas comunidades

Alceu explica que todos os moradores da zona rural dependem da ponte para transporte de produtos, acesso à saúde e educação. “A vida social e econômica da comunidade está sendo impactada diariamente.”

Laura Meneghetti, de 8 anos, mora em Sítio dos Melos e estuda na Escola São Domingo Sávios, em Santos Anjos. Sua mãe, Liza Meneghetti, relata que para a filha ir à escola, é preciso atravessar dois rios por uma rota alternativa.

“Ainda estamos sem a ponte, mas conseguimos sair por rotas difíceis, o acesso é muito ruim. Precisamos cruzar dois rios, o que dificulta muito, e as crianças perderam vários dias de aula por causa da enchente”, relata Liza.

A professora Jeruza Bulegon comenta que a ausência da ponte também dificulta o atendimento de ambulâncias. “Já tivemos casos de pessoas sendo carregadas em caçambas até um ponto onde a ambulância podia passar, pois não há passagem adequada. Quando o desvio está ruim, o trajeto entre Ivorá e Faxinal do Soturno pode chegar a 50 km, o que é perigoso para quem precisa de socorro urgente”, lamenta.

Novas chuvas reacendem preocupações

Com o início de um novo período de chuvas intensas no Rio Grande do Sul, entre abril e julho, as comunidades rurais situadas na bacia do Rio Guarda-Mor, ainda se recuperando das enchentes de 2024, voltam a se sentir ameaçadas.

Alceu afirma que a cheia recente agravou a situação dos agricultores, pois a água foi desviada pelos rejeitos, atingindo plantações e árvores às margens do Rio dos Melos, que irriga a região.

“Todo o material das lavouras e das margens arborizadas foi levado para o leito do rio, abrindo novos caminhos para a água passar entre as terras. Precisaremos de máquinas pesadas para recuperar as pequenas lavouras, mas como entrar se nem estrada temos?”, questiona.

Além disso, o agricultor expressa preocupação com o verão, de dezembro a março, devido à possibilidade de escassez de água para irrigação, pois o rio é pequeno e sem leito definido.

O desvio alternativo que conecta Ivorá e São João do Polêsine a Faxinal do Soturno está hoje intransitável, já que a rota feita pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) foi destruída pelas fortes chuvas recentes.

Resposta do governo estadual

O governo do Rio Grande do Sul informou que as obras para reconstrução da ponte na ERS-348, Km 32, em Faxinal do Soturno, devem começar no segundo semestre de 2025, com previsão de conclusão até o final de 2026.

O investimento na nova ponte, que terá 120 metros de extensão, pista dupla e será 2,5 metros mais alta que a anterior, é de R$ 11,7 milhões. O projeto considera estudos hidrológicos do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), contemplando os efeitos das mudanças climáticas e riscos de eventos extremos, para garantir a resistência da ponte no futuro.

O Daer revelou que a maior parte das soluções técnicas já está aprovada, mas aguarda esclarecimentos da empresa responsável sobre a fundação da ponte, que será feita com estaca-raiz de 19 metros de profundidade na rocha, método incomum para esse tipo de obra.

Enquanto isso, o departamento reforça que o aterro sobre o arroio Guarda-Mor foi restaurado, possibilitando o tráfego de veículos no local até a finalização da nova ponte.




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