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terça-feira, 23/12/2025

redução de empregos na indústria do aço no brasil por causa de importações chinesas

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Em Brasília

PEDRO LOVISI
FOLHAPRESS

A indústria do aço no Brasil perdeu cerca de 5.100 empregos e adiou investimentos que somam R$ 2,5 bilhões até novembro deste ano, devido à forte concorrência com o aço importado da China. Essas informações foram divulgadas pelo Instituto Aço Brasil, que representa o setor no país, embora não tenha detalhado os números por empresa.

No mesmo período, quatro alto-fornos, uma aciaria e cinco minimills — pequenas usinas que reciclam sucata em fornos elétricos — pararam as operações por causa da queda na demanda pelo aço nacional em comparação com o ano passado.

O instituto reduziu sua previsão para a produção de aço bruto no Brasil, que agora deve cair 2,2% até o final de 2025, uma queda maior que a prevista anteriormente de 0,8%. A expectativa é que as siderúrgicas brasileiras fabriquem 33,1 milhões de toneladas de aço, vendendo 21,1 milhões para o mercado interno e 10,2 milhões para o exterior, com este último número mostrando um aumento de 6,9%.

As importações de aço bruto devem crescer 7,5% em relação a 2024 e as importações de aço laminado, produto usado na construção civil, automóveis e máquinas, podem aumentar 20,5% em relação ao ano anterior. A previsão inicial do instituto era ainda maior, mas precisou ser revista para baixo.

Para competir com o aço chinês, as siderúrgicas brasileiras reduziram seus preços, mas ainda veem a entrada de aço chinês no país como o maior desafio do setor.

Até novembro, o Brasil importou 5,4 milhões de toneladas de aço laminado, mais que o dobro da média anual de 2,2 milhões registrada entre 2000 e 2019. Após a pandemia de Covid-19, as exportações da China cresceram muito, principalmente porque o consumo interno de aço na China diminuiu. Cerca de 64% do aço importado veio da China.

Além disso, 6,2 milhões de toneladas de aço foram importadas de forma indireta no país, já incorporadas em produtos prontos como eletrodomésticos, veículos e máquinas.

O Instituto Aço Brasil atribui a grande entrada de aço chinês no mercado brasileiro a políticas consideradas ilegais do governo chinês.

Dados da plataforma Platts usados pelo instituto mostram que o preço do aço chinês caiu bastante entre janeiro de 2024 (US$ 560 por tonelada) e novembro de 2025 (US$ 454 por tonelada). Essa queda é vista como uma estratégia de dumping comercial, onde produtos são vendidos no exterior por preços abaixo do custo para eliminar a concorrência.

Em maio, o governo brasileiro renovou cotas para a entrada de 16 tipos de aço, dos quais 76% vinham da China, uma medida que ajudou mas não resolveu os problemas do setor.

No terceiro trimestre de 2025, o lucro antes de impostos e outras deduções (Ebitda) das siderúrgicas brasileiras caiu para R$ 2,8 bilhões, quase metade do valor do mesmo período do ano anterior. A margem Ebitda também caiu de 12,9% para 7,7%.

O setor agora está buscando convencer o governo federal a aumentar as tarifas de importação de aço, que atualmente variam entre 9% e 16%, e chegam a 25% para volumes acima das cotas podem entrarem.

Outra preocupação é a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a qualquer tipo de aço importado, independentemente do país de origem.

O presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, espera que as boas relações entre Brasil e Estados Unidos permitam a suspensão dessas tarifas para o aço brasileiro, restaurando o sistema de cotas vigente antes de 2018, quando o Brasil podia exportar até 3,5 milhões de toneladas de aço para os EUA sem pagar taxas.

Segundo Lopes, “Em 2018, o governo Trump aplicou essa medida e, se o diálogo atual for bem-sucedido, esse acordo pode voltar e o Brasil ficaria isento da tarifa de 50%, pagando zero por suas exportações.”

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