26.5 C
Brasília
terça-feira, 12/08/2025

Redes de supermercados alertam para perda de US$ 40,4 bi na economia do Brasil sem ação contra tarifas

Brasília
céu limpo
26.5 ° C
27.6 °
26.5 °
22 %
1.5kmh
0 %
ter
28 °
qua
30 °
qui
30 °
sex
30 °
sáb
29 °

Em Brasília

ANDRÉ BORGES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento (FCNA), que reúne associações relacionadas às redes de supermercados, enviou um relatório ao governo federal para destacar os efeitos negativos das altas tarifas dos Estados Unidos na economia e no consumo, devido à sobretaxa de 50% aplicada ao Brasil.

De acordo com o estudo obtido pela Folha de S.Paulo, caso não haja mudanças no médio prazo, o Brasil pode perder US$ 40,4 bilhões em um ano, o que representa uma queda de 1,8 ponto percentual no PIB. Esse cenário reduziria o crescimento previsto para 2025 de 3,2% para 1,3%.

O setor mais afetado seria a indústria de transformação, que poderia encolher até 5,6 pontos percentuais no pior cenário, enquanto a agropecuária e a indústria extrativa seriam menos impactadas por poderem redirecionar produtos para outros mercados.

Além disso, o documento prevê efeitos negativos na arrecadação federal, com perdas de até 2% no curto prazo, e impacto no mercado de trabalho.

Sem ações para estimular o consumo interno, estima-se uma diminuição de 179 mil empregos em até seis meses após o início das tarifas, podendo chegar a uma perda de 287 mil empregos em 18 a 36 meses.

O FCNA expressa grande preocupação com os impactos sociais e econômicos, principalmente em setores que lideram as exportações brasileiras de alimentos, bebidas e insumos industriais como café, carnes, frutas e produtos agroindustriais, destaca o relatório enviado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a oito ministros.

Para combater esses impactos, o Fórum sugere um conjunto de medidas para fortalecer o mercado interno, incluindo a antecipação da vigência da cesta básica nacional de alimentos com isenção total de impostos.

O setor também solicita a redução rápida da taxa Selic, ampliação do crédito produtivo, desoneração e simplificação das contratações formais, especialmente para pequenas e médias empresas.

Outras propostas são a criação de um programa emergencial para apoiar os setores mais afetados, com refinanciamento de dívidas e compra de excedentes de produção, além de medidas fiscais estruturantes focadas no equilíbrio orçamentário.

Segundo o Fórum, a adoção coordenada dessas ações pode neutralizar grande parte dos efeitos recessivos e a perda de empregos provocados pelas tarifas.

Apesar desse cenário, a sobretaxa de 50% imposta pelos EUA não alterou significativamente as expectativas dos economistas consultados pelo Banco Central para os principais indicadores da economia nacional.

O boletim Focus da segunda-feira (4) mostrou queda na previsão da inflação e manteve as projeções para o PIB, dólar e taxa de juros deste ano.

A previsão para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) caiu de 5,09% para 5,07%, marcando a décima redução semanal consecutiva. A expectativa para 2026 foi ajustada para 4,43%. Para 2027 e 2028, mantém-se em 4% e 3,8%, respectivamente.

O mercado ainda espera que a inflação fique no limite da meta no próximo ano, que é alcançar variação anual de 3%, com margem de 1,5% para mais ou menos.

Além da inflação, o PIB teve leve redução na previsão para 2026 (de 1,89% para 1,88%) e 2027 (de 2% para 1,95%). Em 2024, a expectativa de crescimento permanece em 2,23%.

O documento é apoiado por 15 instituições, incluindo Abras (Associação Brasileira de Supermercados), Abad (Associação Brasileira dos Atacadistas e Distribuidores), Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), Abia (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos), Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), Abipla (Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes), Abir (Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas), ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), Abralatas (Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio), Abralog (Associação Brasileira de Logística), Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho), Abre (Associação Brasileira de Embalagem), Andav (Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários), ANR (Associação Nacional de Restaurantes) e CropLife Brasil (Associação de Pesquisa e Desenvolvimento de Soluções para a Produção Agrícola Sustentável).

Veja Também