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quinta-feira, 04/09/2025

Rede nacional de venda de cogumelos alucinógenos é desmantelada e movimentou mais de 26 milhões

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Em Brasília

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) estima que o grupo criminoso que produzia e distribuía cogumelos alucinógenos com psilocibina em grande escala faturou mais de R$ 26,5 milhões. Cerca de 150 policiais civis cumpriram 20 mandados de busca e apreensão e nove de prisão preventiva nas cidades de Curitiba (PR), Joinville (SC), São Paulo, Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Vitória (ES) e no Distrito Federal.

O esquema, divulgado pelo Metrópoles, tinha um faturamento médio do principal cultivador de cerca de R$ 400 mil mensais, enquanto o distribuidor no Distrito Federal ganhava aproximadamente R$ 35 mil por mês.

A Operação Psicose foi realizada pela Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) com apoio da Polícia Civil de vários estados, incluindo MG, PA, PR, RS, SC, SP e ES.

Com a apuração, foi possível estimar a expressiva receita gerada pela rede de distribuição dos cogumelos em 2024 e 2025, indicando a dimensão da atividade ilegal.

Durante as investigações, verificou-se que, entre 2024 e 2025, foram feitas 3.718 encomendas no esquema, totalizando cerca de 1.329 quilos do produto. Entre os parceiros comerciais do cultivo em Curitiba destacam-se seis grandes distribuidores que possuem suas próprias plataformas de venda.

Segundo os investigadores, a operação nacional, que chegou a movimentar até R$ 200 mil diariamente, funcionava de forma altamente profissional, com ramificações em diversos estados do país.

No primeiro semestre de 2025, a Gerência de Segurança Corporativa dos Correios do Distrito Federal, em parceria com a Receita Federal, identificou e interceptou envios ilegais de cogumelos no Centro de Distribuição. A PCDF confirmou que essas remessas estavam ligadas à Operação Psicose. Essa apreensão foi essencial para identificar o alcance da rede que utilizava os serviços postais na comercialização nacional dos entorpecentes.

Estratégia de marketing

A organização criminosa adotava estratégias sofisticadas de marketing corporativo, com uma identidade visual pensada para atrair o público jovem, usando cores vibrantes, símbolos estilizados e design moderno, criando uma imagem de descontração e modernidade.

O grupo patrocinava feiras e festivais de música eletrônica, ambientes que facilitavam o contato direto com possíveis clientes e reforçavam a associação da marca com entretenimento e lazer. Influenciadores digitais e DJs eram recrutados para promover os produtos em redes sociais e eventos.

Além disso, usavam técnicas comerciais avançadas como distribuição de cupons de desconto personalizados, direcionados a públicos específicos para fidelizar clientes. Promoções em datas comemorativas como Dia dos Namorados, Natal e Independência aumentavam o engajamento e incentivavam o consumo.

Operação Psicose

Dois universitários do Distrito Federal foram presos na manhã de quinta-feira (4/9): Igor Tavares Mirailh e Lucas Tauan Fernandes Miguins. A coluna Na Mira apurou que Igor Mirailh esteve matriculado nos cursos de museologia, artes cênicas e comunicação social da Universidade de Brasília (UnB), sem concluir nenhum deles. Já Lucas Miguins, estudante de universidade particular, compartilhava com o colega a liderança de uma célula do grupo criminoso na capital.

Extremamente organizados, os dois mantinham uma linha própria de produção, cultivando diversas espécies de cogumelos alucinógenos. As vendas eram feitas via plataforma online com estrutura similar a grandes sites de comércio eletrônico, oferecendo catálogo de variedades, fotos em alta resolução, descrições detalhadas e múltiplas formas de pagamento, como transferência bancária, cartão de crédito e Pix.

Centro logístico

O trabalho de inteligência da Cord revelou um centro de distribuição em Curitiba (PR), onde a produção ocorria em escala industrial para abastecer a rede nacional. Esse local era o núcleo da organização, de onde partiam remessas para vários estados.

As investigações também indicaram empresas de fachada em Santa Catarina e no Paraná, formalmente cadastradas em setores como comércio de alimentos, usadas para disfarçar as atividades ilegais e facilitar a lavagem de dinheiro.

Estrutura milionária

De acordo com a Cord, a rede movimentava cifras milionárias por meio de uma combinação de produção avançada, logística eficiente e marketing digital agressivo. A plataforma online recebia acessos de todas as regiões do Brasil e a facilidade de pagamento e entrega atraía cada vez mais clientes.

“Estamos perante um esquema criminoso altamente profissional, que utilizava as ferramentas do comércio eletrônico para aumentar os lucros e dificultar a atuação policial”, declarou um delegado responsável pelas investigações.

A apuração continua para identificar possíveis financiadores e mapear o fluxo financeiro do grupo.

Destaques da Operação Psicose:

  • Nove prisões preventivas decretadas.
  • 20 mandados de busca e apreensão em seis estados e no Distrito Federal.
  • Centro de distribuição localizado em Curitiba (PR).
  • Universitários do Distrito Federal presos por manterem linha própria de produção.
  • Esquema movimentava até R$ 200 mil diariamente.

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