Joana, mãe solo de cinco filhos, enfrentou um relacionamento abusivo por cinco anos e ficou presa em sua casa por mais de dois. Ela conta que chegou ao Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceam), do Distrito Federal, sentindo-se desamparada e sem esperança. Hoje, ela se sente forte e com vontade de recomeçar.
Há seis meses, Joana participa do grupo de apoio remoto “Virando a Página”, que reúne cerca de 30 mulheres toda quarta-feira, com o acompanhamento de um psicólogo. Além disso, frequenta cursos de artesanato no Ceam, onde aprendeu técnicas como fuxico, tapecaria, crochê e bordado, que ajudam a fortalecer sua independência e autoestima.
Além do suporte psicológico e social, Joana começou a receber benefícios como o Bolsa Família e um auxílio aluguel social temporário de R$ 600, destinado a mulheres que precisaram deixar suas casas para se protegerem.
Ampliação e fortalecimento da rede de apoio
Casos como o de Joana mostram o crescimento da rede de atendimento à mulher no DF. Em dois anos, a Secretaria da Mulher aumentou o número de unidades de acolhimento de 14 para 31, cobertas em todas as regiões administrativas.
Esses locais oferecem escuta qualificada, orientação jurídica, apoio psicossocial e conexões com a rede de proteção. Entre os principais espaços estão a Casa da Mulher Brasileira, a Casa Abrigo, novos centros de referência, núcleos especializados e unidades móveis.
A secretária da Mulher, Giselle Ferreira, destaca que o objetivo da expansão é levar informação e prevenção a todas as regiões, reforçando que quer evitar a violência antes que ela aconteça.
Nos primeiros seis meses de 2024, foram realizados quase 25 mil atendimentos psicossociais e mais de 11 mil mulheres foram acolhidas nas unidades, conforme dados do Observatório de Violência contra a Mulher e Feminicídio.
Esse avanço foi possível graças a um aumento significativo no orçamento da Secretaria, que cresceu mais de sete vezes, passando de R$ 10,3 milhões em 2020 para R$ 86,9 milhões em 2024.
Giselle Ferreira reforça que cuidar das mulheres é cuidar de famílias inteiras e que um governo amigo da mulher investe nisso.
A vice-governadora Celina Leão ressalta que a expansão comprova o compromisso da gestão com políticas públicas que garantem atendimento rápido, humanizado e que promovem a autonomia financeira feminina, transformando a vida das mulheres no DF.
Apoio também aos agressores
A rede oferece ainda grupos reflexivos para homens autores de violência, visando a mudança de comportamento e a prevenção da reincidência.
Um dos participantes, João, relatou como o programa o ajudou a repensar suas atitudes e a melhorar o diálogo com a família.
Ele destaca que a reflexão é fundamental para romper o ciclo da violência, pois o silêncio protege o agressor, que também precisa se proteger e mudar.
Canais disponíveis para denúncias e apoio
Mulheres que passam por situação de violência podem buscar ajuda pelos telefones 197 (Polícia Civil), 190 (Polícia Militar), 156 opção 6 (Central do GDF), 180 (Central de Atendimento à Mulher) e pela plataforma Maria da Penha Online.
Além disso, no DF existem vários espaços para atendimento psicológico e social, como:
- Núcleo Integrado de Atendimento à Mulher (PCDF)
- Programa Direito Delas (Sejus)
- Casa da Mulher Brasileira (Ceilândia)
- Centros de Referência da Mulher Brasileira
- Centros Especializados de Atendimento à Mulher (Ceam)
- Espaços Acolher (Secretaria da Mulher)
*Nomes alterados para preservar a identidade das pessoas entrevistadas.