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Três pessoas foram detidas por operarem um esquema que vendia o medicamento Cytotec, usado para realizar abortos de forma ilegal, em todo o Brasil.
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul conduziu a Operação Aurora, que visou encerrar uma rede que oferecia acompanhamento remoto para abortos. Durante a manhã de hoje, foram cumpridos mandados de prisão, busca e apreensão.
O grupo tinha vendedores fixos, canais para contato e dava suporte para mulheres que desejavam interromper a gravidez. Este serviço era oferecido sem supervisão médica, com organização da venda e entrega dos medicamentos por todo o país.
Mandados foram realizados em nove estados e no Distrito Federal. Além dos três presos, celulares e medicamentos foram confiscados.
O medicamento controlado Cytotec, conhecido como Misoprostol, era usado ilegalmente para abortos. A investigação iniciou após uma mulher no Rio Grande do Sul passar mal em abril por causa do procedimento.
Essa mulher fez um aborto em Guaíba e sentiu fortes dores. No hospital, ela expulsou dois fetos.
Ela contou que tomou o Misoprostol obtido ilegalmente pela internet e recebeu orientação técnica durante o aborto por uma mulher que se apresentou como doutora.
Essa mulher foi procurada dias antes, depois de ter encontrado informações em redes sociais sobre aborto e gravidez indesejada, e foi convidada a um grupo no WhatsApp chamado “Sinta-se acolhida”. Lá, as pessoas compartilhavam suas experiências e recebiam uma lista de preços e a quantidade de comprimidos necessários conforme o tempo de gravidez.
‘DOUTORA’ DESAPARECEU E MULHER BUSCOU AJUDA NO HOSPITAL
Depois de seguir as orientações, a mulher pediu ajuda à suposta profissional, porém não obteve resposta e, diante das dores, procurou atendimento hospitalar.
Mais de 250 mulheres participavam deste grupo. A delegada Karoline Calegari, responsável pela investigação, informou que o grupo pode ter obtido grandes lucros.
As orientações para o procedimento eram dadas em sete estados diferentes. Os suspeitos foram localizados na Paraíba, Goiás, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Distrito Federal.
A Operação Aurora contou com a participação das polícias dos estados envolvidos e da Diretoria de Operações Integradas e Inteligência da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Diopi/Senasp).
As identidades dos presos não foram reveladas. A polícia continua investigando o papel de cada um e como o medicamento era obtido, pois sua venda é proibida no Brasil.

