A Airbus iniciou o recall imediato de 6 mil aeronaves do modelo A320, representando mais da metade da frota mundial deste avião, que é o mais vendido no mundo. O anúncio foi feito na noite de sexta-feira, 28 de novembro, e tem causado impactos globais na aviação.
O comunicado surgiu após uma revisão interna da fabricante europeia que identificou um problema no software, o qual pode ter causado a perda repentina de altitude em um voo da empresa aérea low-cost americana JetBlue no mês de outubro.
O recall envolve 350 operadores e é considerado um dos maiores da história da Airbus em seus 55 anos. Ele acontece poucas semanas depois do modelo A320 ultrapassar o Boeing 737 como o mais entregue globalmente, segundo a agência de notícias Reuters.
Na maioria dos casos, a falha pode ser corrigida pela reinstalação de uma versão anterior do software, procedimento que deve ser concluído para que as aeronaves possam ser liberadas para voar novamente. Entretanto, para cerca de mil aviões, serão necessárias alterações físicas no hardware, o que pode levar algumas semanas para ser realizado.
Este recall trouxe atrasos e cancelamentos, especialmente na Ásia, onde o A320 é largamente utilizado para voos de curta distância, como na Índia e na China. Companhias aéreas europeias, como AirFrance e Lufthansa, tiveram voos suspensos, e a colombiana Avianca pausou a venda de passagens até 8 de dezembro, devido à ação que afeta mais de 70% de sua frota.
No Brasil, operadoras como Latam e Azul afirmaram que o recall não impactará voos domésticos. Contudo, a Latam informou que a medida afetará um número limitado de aeronaves das afiliadas na Colômbia, Chile e Peru, e se comprometeu a comunicar os passageiros em caso de alterações operacionais.
Perda de altitude em voo da JetBlue
O incidente que motivou o recall ocorreu no dia 30 de outubro, durante um voo da JetBlue que ia de Cancún, no México, para Newark, em Nova Jersey. A aeronave sofreu uma queda repentina de altitude, resultando em ferimentos para 15 pessoas a bordo e um pouso de emergência na Flórida.
De acordo com a Reuters, documentos internos da Airbus indicam que o problema está relacionado ao sistema ELAC (sigla em inglês para ‘computador dos profundores e ailerons’), importante para as manobras de subida e descida.
Após investigação, a fabricante concluiu que a alta radiação solar pode corromper os dados essenciais para o funcionamento dos controles de voo da família A320, causando o problema identificado.