Senadores democratas enviaram uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticando as tarifas de 50% impostas aos produtos brasileiros, anunciadas em 24 de julho. O documento, assinado por 11 parlamentares da oposição e enviado à Casa Branca, acusa Trump de abuso de poder, afirmando que ele estaria usando a economia americana para beneficiar um aliado, referindo-se ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na carta, os senadores expressam preocupação de que a ameaça de guerra comercial com o Brasil representa uma interferência indevida no sistema legal de uma nação soberana, estabelecendo um precedente perigoso, além de colocar em risco cidadãos e empresas americanas devido a possíveis retaliações comerciais.
O governo dos EUA justificou a imposição das tarifas apontando para ações do Supremo Tribunal Federal do Brasil relacionadas ao processo judicial contra Bolsonaro, além de iniciar uma investigação sobre supostas práticas comerciais injustas e restrições a empresas americanas. Essas medidas fazem parte de uma estratégia mais ampla para pressionar parceiros comerciais a abrirem seus mercados e ajustarem políticas.
Na carta, os senadores enfatizam que o comércio bilateral sustenta cerca de 130 mil empregos nos EUA e que o Brasil é um importante fornecedor, com importações anuais superiores a 40 bilhões de dólares, incluindo cerca de 2 bilhões em café. Os parlamentares alertam que uma guerra comercial aumentaria os custos para famílias e empresas americanas, além de fortalecer as relações entre Brasil e China, o que contraria os interesses dos EUA na região.
O texto é assinado pelos senadores Jeanne Shaheen, Tim Kaine, Adam Schiff, Dick Durbin, Kirsten Gillibrand, Peter Welch, Catherine Cortez Masto, Mark R. Warner, Jacky Rosen, Michael Bennet e o reverendo Raphael Warnock.
Os senadores pedem que sejam priorizados os interesses dos americanos e que sejam evitadas sanções que interfiram no processo judicial brasileiro e prejudiquem as relações comerciais entre os dois países. Eles também destacam que medidas agressivas podem aumentar a influência chinesa na América Latina, uma preocupação crescente para os EUA.