A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) lançou nesta quinta-feira (25/9) a Operação Fratelli Bianchi, direcionada principalmente contra o criminoso Gabriel Brito da Silva, conhecido como “Tolete” e que é velho inimigo das autoridades. Reconhecido como um dos líderes dentro do Comboio do Cão (CDC), uma facção criminosa que atua tanto nas ruas quanto no sistema penitenciário, Tolete já foi preso várias vezes por homicídio, tráfico de drogas e intimidação de testemunhas.
Em março de 2019, por exemplo, ele foi capturado ao ser identificado como um dos três chefes que impunham toque de recolher e restrições de silêncio na QNN 3 de Ceilândia Norte. Naquele período, o grupo chegou a perseguir familiares das vítimas, chegando a queimar veículos para impedir denúncias.
De acordo com a PCDF, as investigações tiveram início em julho deste ano, quando a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco/Decor) analisou materiais confiscados em operações anteriores. As provas indicaram que o grupo liderado por Tolete gerenciava um esquema paralelo de agiotagem e lavagem de dinheiro financiado pelos lucros do tráfico.
As vítimas eram forçadas a pagar juros exorbitantes sob ameaça de violência armada, perseguição de familiares e até retenção de bens como veículos. Os valores arrecadados eram “lavados” por meio de empresas fictícias e pessoas de fachada, mantendo o braço armado do CDC ativo.
Na fase operacional, a polícia executou quatro prisões temporárias, além de nove mandados de busca, apreensão e bloqueio de bens em várias regiões, incluindo Águas Claras, Ceilândia, Samambaia e Alexânia (GO). Contas bancárias foram congeladas e imóveis e automóveis ligados ao grupo, confiscados.
Além de Tolete, outros dois suspeitos investigados acumulam penas que ultrapassam 46 anos por crimes como homicídios, tráfico, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Um dos assassinatos atribuídos ao grupo envolveu um membro do próprio CDC, com o crime sendo tolerado internamente, o que solidificou o domínio de um dos líderes.
A ação mobilizou cerca de 90 policiais, incluindo equipes da Draco, da Divisão de Operações Especiais (DOE) e da Polícia Civil de Goiás, por meio da unidade regional de Águas Lindas. Os suspeitos podem responder por organização criminosa, extorsão qualificada, agiotagem e lavagem de dinheiro, com penas que somam até 30 anos de prisão.
A Polícia Civil destacou que o grupo estava focado especialmente em práticas de agiotagem, que eram usadas como fonte ilegal de recursos para o Comboio do Cão.
Com a captura de Tolete e o desmantelamento da estrutura financeira do grupo, a PCDF acredita ter provocado um severo impacto na organização criminosa, que há anos impõe medo aos moradores do Distrito Federal e regiões próximas.