Pavel Durov, o bilionário fundador e CEO do Telegram, foi preso no aeroporto de Bourget, nos arredores de Paris, na noite de sábado, sob suspeita de fragilizar a moderação na plataforma – e isso teria permitido a ocorrência de atividades criminosas.
A Justiça prorrogou no domingo a prisão preventiva de Durov, que pode durar até 96 horas, segundo uma fonte ligada ao caso. Depois, ele pode ser solto ou apresentado ao juiz para ouvir uma possível acusação.
A Rússia acusou a França de “se recusar a cooperar” depois que a polícia francesa prendeu o bilionário franco-russo, de 39 anos. Segundo outra fonte ouvida pela AFP, ele havia chegado de Baku, Azerbaijão. No passado, a própria Rússia tentou banir o Telegram, que pretende chegar a um bilhão de usuários ativos mensais até 2025.
Mas afinal, quem é Pavel Durov?
- Durov, cuja fortuna foi estimada pela Forbes em US$ 15,5 bilhões, deixou a Rússia em 2014 após se recusar a cumprir as exigências do governo de fechar comunidades de oposição em sua plataforma de mídia social VKontakte, que ele vendeu. O Telegram concorre com apps como o WhatsApp, Instagram, TikTok e Wechat
- Segundo a Reuters, Durov se tornou cidadão francês em agosto de 2021. Ele se mudou com o Telegram para Dubai em 2017 e, de acordo com a mídia francesa, ele também recebeu a cidadania dos Emirados Árabes Unidos. Ele também é cidadão de São Cristóvão e Nevis, uma nação de duas ilhas no Caribe.
- O Telegram é influente na Rússia, Ucrânia e nas repúblicas da antiga União Soviética. Tornou-se uma fonte crítica de informações sobre a guerra da Rússia na Ucrânia, usada intensamente por autoridades de Moscou e Kiev. Alguns analistas chamam o aplicativo de “um campo de batalha virtual” para a guerra.
- A Rússia começou a bloquear o Telegram em 2018 após o aplicativo se recusar a cumprir uma ordem judicial para conceder aos serviços de segurança acesso às mensagens criptografadas de seus usuários. A ação teve pouco efeito na disponibilidade do Telegram lá, mas gerou protestos em massa em Moscou e críticas de ONGs.
Na mira da Justiça
A popularidade crescente do Telegram levou ao escrutínio de vários países na Europa, incluindo a França, sobre preocupações com segurança e violação de dados. Em maio, os reguladores de tecnologia da UE disseram que estavam em contato com o Telegram, pois ele se aproximava de um critério de uso essencial que poderia sujeitá-lo a requisitos mais rigorosos sob uma legislação histórica de conteúdo online da UE.