Naftali Bennett fez fortuna na indústria de software e é reconhecido como um nacionalista de direita no país
O imbróglio eleitoral de Israel pode estar próximo do fim. Na noite deste domingo, 30, Naftali Bennett, um milionário do setor de tecnologia que entrou para a política, anunciou uma tentativa de coalização que pode levá-lo ao posto de primeiro ministro de Israel.
A ascensão de Bennett acontece em meio ao vácuo de poder deixado pelo o atual primeiro ministro, Binyamin Netanyahu, que falhou em formar uma coalizão nos últimos dois anos.
Bennett entrou para a política pelo partido nacionalista Yamina e agora tenta uma coalizão com o centrista Yesh Atid, de Yair Lapid, um líder da oposição recente.
A situação não está completamente definida ainda, porém. Tanto Bennett quanto Lapid precisam costurar essa aliança com outros 6 partidos, incluindo o partido Sionista, de esquerda, e um partido conservador muçulmano. É esperado que uma distribuição satisfatória de ministros devam agradar aos eleitores.
Fluente em inglês e bastante carismático, Bennett com frequência aparece na mídia internacional defendendo as atitudes de Israel. Combativo, ele é um notório defensor do estado de Israel e rejeita a noção de criação de um estado palestino.
Ele fez fez carreira do exército, atuando nas forças especiais de Israel. No final dos anos 1990, imigrou para Nova York, nos Estados Unidos, onde fundou e foi CEO da Cyota, uma empresa especializada em software anti-fraude.
A Cyota foi vendida em 2005 para a RSA Security, que atualmente pertence à Dell, por 145 milhões de dólares, tornando Bennett um multimilionário no processo.
Bennett é também categorizado como um ultra-nacionalista, frequentemente advogado por um estado nacional judeu e pela presença de Israel na Cisjordânia. Diversas vezes, ele se pôs contrário a um acordo de trégua com o Hamas e defende ser linha dura com ameaças da Palestina, inclusive pela pena de morte.
A chance de Bennett ascender ao cargo de primeiro ministro acontece em meio a dificuldades do parlamento israelense em formar um governo nos últimos dois anos, passando por diferentes eleições após a dissolução do corpo eleito anteriormente.
Israel tem um sistema parlamentarista peculiar: a cláusula de barreira para entrada de partidos no Parlamento é de 3,25%, o que faz com que o Legislativo tenha a cada eleição mais de uma dezena de legendas. Em democracias parlamentaristas europeias, por exemplo, a barreira costuma ser mais alta, de mais de 5% ou até 8% dos votos, e com o poder concentrado em três ou quatro grandes partidos.
Por isso, é historicamente difícil formar um governo em Israel. Em 70 anos, foram mais de 30 governos, média de um governo a cada dois ou três anos. Mas os últimos anos têm sido atípicos até para os habituados. Se um candidato não conseguir formar e manter um governo, como já aconteceu nos pleitos anteriores, o país pode ter de convocar sua quinta eleição, o que seria uma situação sem precedentes e indesejada.