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sexta-feira, 07/11/2025




Quem cuida de pessoas com depressão precisa de apoio e enfrenta sobrecarga, explica psicóloga

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Redação Jornal de Brasília/Agência UniCeub
Por Júlia Harlley e Beatriz Ocké

Cuidar de familiares e amigos com depressão traz muitos desafios no dia a dia. Quem ajuda esses pacientes também precisa cuidar de si, ressalta a psicóloga Anna Luiza Gianasi, professora do Centro Universitário de Brasília (Ceub).

Ela destaca que quem apoia vive uma rotina cheia de emoções fortes, culpa e dificuldade para cuidar do outro sem esquecer de si mesmo.

Rede de apoio

Anna Luiza Gianasi afirma que o tratamento da depressão exige acompanhamento médico e terapia, além de uma rede de pessoas que entendam os limites para não adoecer junto.

A depressão pode afetar pessoas de qualquer idade e é difícil identificá-la, pois pode vir junto com outros problemas mentais, como ansiedade e Burnout.

O diagnóstico só é feito por exame clínico.

Entendendo a depressão

Diferente da tristeza que passa, na depressão o desânimo e a falta de esperança são constantes.

Segundo o manual DSM-5-TR, a depressão tem causas biológicas, como genética e química do cérebro, além de fatores psicológicos e sociais, como traumas e comparações nas redes sociais.

“A depressão não é loucura, é uma doença séria que precisa de tratamento”, explica a psicóloga.

Existem tratamentos eficazes, tanto psiquiátricos quanto psicoterapêuticos.

A recuperação depende muito da rede de apoio e dos relacionamentos saudáveis, apesar dos poucos investimentos públicos em saúde mental.

“Só 2% da receita de um estado é investida em saúde mental”, alerta a especialista.

Mas a melhora depende não só do governo, mas de toda a sociedade, que deve promover a saúde mental.

O cuidado invisível

O maior desafio é a dificuldade dos familiares em entender a doença. Muitos acham que, se a pessoa tem o básico, não tem motivos para ficar triste, o que não é verdade, alerta Anna.

Medo e preocupação constantes vêm da incerteza sobre o que o próximo dia trará para a pessoa doente.

Por isso, é essencial cuidar também de quem cuida, para que eles não fiquem doentes também, ressalta a psicóloga.

Estabelecendo limites

Desenvolver estratégias para preservar a saúde de quem cuida é fundamental. Dedicar atenção só ao outro pode causar sobrecarga e adoecimento.

É importante aceitar que não se pode controlar tudo o que a pessoa com depressão fará.

“Quem tem depressão tem altos e baixos diários; a rede de apoio deve entender isso para evitar frustrações”, explica.

O apoio deve ser ativo: escutar, validar o sofrimento, ajudar com tarefas básicas, apoiar o tratamento e criar momentos positivos com o paciente.

“Falar sobre o desejo de morrer não provoca suicídio, ajuda a evitá-lo”, destaca a psicóloga.

A chance de sucesso aumenta quando o cuidador não se coloca como salvador e prioriza o autocuidado para não adoecer futuramente.

Buscar terapia, fazer pausas e dividir responsabilidades com o doente traz mais saúde para todos.

Anna Gianasi sugere pedir ajuda também para o paciente, para que ele participe do próprio cuidado.

Ajudar não deve substituir as obrigações da pessoa com depressão, como o trabalho e o tratamento. É importante não se sobrecarregar.

“Cuidar não significa anular o cuidador. Ninguém pode dar o que não tem”, alerta a professora.

Apoio no ambiente acadêmico

No ambiente universitário, pressões causam problemas de saúde mental em estudantes e professores.

Anna Luiza Gianasi destaca que, apesar de haver políticas de cuidado, ainda existe um tabu em buscar ajuda.

“Todos nós devemos ajudar a desmistificar isso”, afirma a pesquisadora.

Escutar com atenção e humanizar o convívio são formas de promover cuidado mútuo e cidadania.

O Centro Universitário de Brasília (Ceub) tem o programa de extensão “Eis Me Aqui”, que oferece acolhimento e apoio para alunos e professores.

O projeto inclui o “Acolhimento Porta Aberta”, onde alunos recebem atendimento individual por estudantes de psicologia, e o grupo “Coletivo Singular”, que promove atividades em grupo para fortalecer o sentimento de pertencimento.

O programa também apoia professores que enfrentam situações difíceis com seus alunos, ampliando a rede de apoio dentro da universidade.




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