Os preços internacionais do petróleo despencaram nesta segunda-feira (23), após o Irã ter atacado uma instalação militar dos Estados Unidos no Catar. Essa movimentação gerou uma sensação de alívio entre os operadores de mercado, que temiam retaliações mais severas.
O barril de petróleo tipo WTI, comercializado nos Estados Unidos, caiu 7,22%, posicionando-se a 68,51 dólares, um nível similar ao que se viu antes dos primeiros ataques israelenses ao Irã, em 13 de junho.
Já o barril do tipo Brent, referência no mercado europeu, teve uma queda de 7,18%, sendo negociado a 72,07 dólares, retornando a preços não registrados nos últimos 10 dias.
O Irã declarou que seis de seus mísseis atingiram a base norte-americana de Al Udeid, localizada no Catar, em retaliação aos ataques dos EUA no domingo contra locais nucleares iranianos, conforme informado por um órgão estatal.
John Kilduff, da Again Capital, comentou à AFP que o alvo é militar, situado aparentemente fora de áreas densamente povoadas, e que as infraestruturas ligadas ao petróleo parecem não ter sido atingidas.
Segundo o analista, o mercado interpreta o ataque mais como uma ação para preservar a imagem do que como uma escalada efetiva da tensão.
Até o momento, John Kilduff afirmou que não há impacto visível no Estreito de Ormuz, passarela estratégica que conecta o Golfo Pérsico ao Golfo de Omã e por onde circula 20% do petróleo consumido mundialmente.
Arne Lohmann Rasmussen, analista da Global Risk Management, afirmou que o bloqueio desse estreito seria um desastre total, o que faria os valores do petróleo dispararem.
Ipek Ozkardeskaya, especialista do Swissquote Bank, ressaltou que, se essa passagem fosse impedida, o preço do petróleo americano poderia ultrapassar os 100 dólares por barril, cerca de 30 dólares a mais do que o registrado hoje.
Por outro lado, o Irã não tem interesse em interromper a circulação dos petroleiros, pois isso impactaria suas receitas de exportação, destacou John Kilduff.
O analista ainda acrescentou que Teerã precisa desses recursos financeiros para a reconstrução das suas infraestruturas danificadas após os bombardeios americanos e israelenses.
O Irã ocupa a nona posição entre os maiores produtores de petróleo do planeta, produzindo cerca de 3,3 milhões de barris diários.
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