LEONARDO VIECELI
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
Em agosto, o preço da manga para o consumidor no Brasil caiu 20,99%, conforme dados do IPCA-15 divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Esta é a maior queda mensal desde setembro de 2007, quando o preço do fruto caiu 25,04%. A manga já teve preços em baixa em meses de agosto em anos anteriores, o que geralmente acontece devido à maior oferta no início do segundo semestre graças a melhores condições de cultivo.
Este ano, um fator extra influenciou o preço da manga: a tarifa imposta pelo governo dos Estados Unidos, sob o comando de Donald Trump, que começou a valer em agosto. Essa sobretaxa nas exportações fez aumentar a quantidade de mangas disponíveis no mercado interno brasileiro.
A economista Claudia Moreno, do C6 Bank, comenta que a guerra comercial pode ter tido impacto no IPCA-15.
Ela destaca que, além das frutas, outras categorias também mostraram queda em agosto, como as carnes (-0,94%), que também foram afetadas pelas tarifas americanas.
Outros produtos, como pescados, tiveram preços que recuaram 0,14% no IPCA-15 de agosto, menos que a queda observada em julho (-2,03%).
“Se teve algum efeito nos pescados, ele já ocorreu e provavelmente está se normalizando”, explica a economista.
O IPCA-15, divulgado primeiro que o IPCA, antecipa tendências da inflação oficial do país. Enquanto o IPCA-15 coleta dados entre a metade do mês anterior e a metade do mês de referência (no caso, de 16 de julho a 14 de agosto), o IPCA coleta informações durante todo o mês relevante (resultado de agosto será divulgado em 10 de setembro).
O IBGE calcula o preço da manga em oito capitais e regiões metropolitanas. Em agosto, a manga foi um dos principais responsáveis pela queda de 1,02% nos preços dos alimentos para consumo em casa.
A maior redução no preço da manga foi em Belo Horizonte (-31,61%) e a menor em São Paulo (-9,77%).
A indefinição gerada pela tarifa de Trump preocupou o setor de frutas, pois havia risco de mangas estragarem nas árvores por falta de mercados para exportação e até no Brasil, já que o país tem oferta suficiente, conforme noticiado anteriormente pela coluna de Mônica Bergamo.