O presidente venezuelano não está sentado à espera da decisão de Washington para reviver acordos sobre o petróleo e está criando alianças que lhe permitirão sair do impasse econômico, acredita o analista do RT Ociel Alí López.
A próxima visita do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, a Caracas, anunciada na terça-feira (12) pelo seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, demonstra que a Venezuela se está tornando um lugar estratégico no meio da disputa entre os blocos geopolíticos que têm se reconfigurado ao longo dos últimos anos, afirma o colunista do RT.
A informação sobre a visita foi divulgada durante a cerimônia de despedida do embaixador turco em Caracas, Sevki Mutevellioglu, embora as datas concretas não tenham sido reveladas.
A atitude beligerante da Turquia no concerto internacional faz com que o país no contexto atual se encontre em uma posição predominante, crê Ociel Alí López.
Há múltiplas razões que fazem pensar que se tornou absurdo manter Caracas atrás de uma “cortina de ferro”, supõe o colunista do RT, uma vez que os preços do petróleo recentemente dispararam e o mundo está em ambiente de incerteza sobre o abastecimento energético mundial.
A chegada do presidente turco poderia ao final abrir os olhos dos seus aliados ocidentais à necessidade de pôr fim ao período de bloqueio da Venezuela.
Mesmo assim, pense o Ocidente o que pensar, já o próprio Maduro estabeleceu uma linha estratégica, que não depende tanto de Washington e de seus aliados fiéis.
Última viagem de Maduro
Durante a Cúpula das Américas em Los Angeles, aonde a Venezuela não tinha sido convidada, Maduro se dirigiu a Ancara para se reunir com o seu homólogo turco, demonstrando que não estava à espera de Washington, mas que estava desenhando sua própria agenda que não dependesse das decisões da Casa Branca sobre as sanções.
Ancara não foi o único destino do líder venezuelano. Além da Turquia, ele visitou cinco países asiáticos e africanos, todos possuindo importância no mercado petrolífero e energético: Irã, Argélia, Kuwait, Catar e Azerbaijão. Ao mesmo tempo, é de salientar que Maduro não fez visitas às potências onde tradicionalmente tinha buscado apoio e financiamento: China e Rússia.
Neste caso, prevaleceram as intenções comerciais de desenvolver laços com os países aliados, como a própria Turquia, e reanimar as relações com países historicamente próximos à Venezuela devido à sua participação na Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP).
Ainda não conhecemos em profundidade os acordos que Maduro teria alcançado com os diferentes países que visitou, mas certamente dizem respeito a tais áreas como o gás, petróleo, petroquímica, refino e produção de alimentos. Ele especificou, ao chegar a Caracas, que estava esperando nas próximas semanas empresários de todos os países percorridos durante a viagem.
Neste contexto, as sanções financeiras que foram aplicadas à Venezuela, bem como aos países que queriam fazer comércio com ela, parecem já estarem sendo retiradas, antes de mais devido à sua ineficácia, conclui o analista do RT.