18.5 C
Brasília
sexta-feira, 22/11/2024
--Publicidade--

Que implicações tem para Venezuela próxima visita de Erdogan?

Brasília
nuvens dispersas
18.5 ° C
18.5 °
17 °
100 %
1.5kmh
40 %
sex
27 °
sáb
26 °
dom
25 °
seg
22 °
ter
21 °

Em Brasília

O presidente venezuelano não está sentado à espera da decisão de Washington para reviver acordos sobre o petróleo e está criando alianças que lhe permitirão sair do impasse econômico, acredita o analista do RT Ociel Alí López.

© AP Photo / Burhan Ozbilici
A próxima visita do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, a Caracas, anunciada na terça-feira (12) pelo seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, demonstra que a Venezuela se está tornando um lugar estratégico no meio da disputa entre os blocos geopolíticos que têm se reconfigurado ao longo dos últimos anos, afirma o colunista do RT.
A informação sobre a visita foi divulgada durante a cerimônia de despedida do embaixador turco em Caracas, Sevki Mutevellioglu, embora as datas concretas não tenham sido reveladas.
A atitude beligerante da Turquia no concerto internacional faz com que o país no contexto atual se encontre em uma posição predominante, crê Ociel Alí López.
Há alguns anos, mais precisamente desde o fracasso do golpe de Estado na Turquia em 2016, Erdogan se aproximou a Moscou, embora a Turquia seja um membro ativo e reconhecido da OTAN desde 1952. A posição mencionada, bastante paradoxal na situação mundial atual, demonstrou este ano o poder real da Turquia na política internacional.
Desde o início do conflito na Ucrânia, Erdogan tem proposto a sua mediação, com a Turquia se posicionando como uma eventual cena para as negociações entre os governos em conflito.
A seguir, a Turquia aproveitou seu status de país-membro da OTAN para primeiro vetar e depois aprovar, embora com certas condições, a adesão da Suécia e Finlândia à organização, o que fez com que todos no mundo ficassem esperando a decisão final de Erdogan.
Por outro lado, o presidente turco se converteu em um aliado de Maduro, especialmente desde a implementação do programa de recuperação econômica iniciado no segundo governo do líder venezuelano, quanto este tinha perdido todas as linhas de crédito, inclusive dos seus aliados. Assim, em plena crise venezuelana, o governo e os empresários turcos abriram de súbito vários canais de comercialização.
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan discursa durante as negociações entre a Rússia e a Ucrânia no Palácio Dolmabahce, Istambul, Turquia – Sputnik Brasil, 1920, 15.07.2022
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan discursa durante as negociações entre a Rússia e a Ucrânia no Palácio Dolmabahce, Istambul, Turquia
© Sputnik / Сергей Карпухин / Abrir o banco de imagens
Vale a pena lembrar que já em 2018 Erdogan visitou Caracas, mas naquela época o seu governo não mantinha a dominância no contexto internacional que retomou após o início do conflito na Ucrânia e o ressurgimento ofensivo da OTAN.
Nesta próxima viagem, Erdogan planeja apoiar de novo o líder venezuelano, buscando dar novo impulso ao reconhecimento definitivo que foi impedido por vários governos ocidentais, especialmente por parceiros dos turcos no âmbito da OTAN, que têm bloqueado o país caribenho desde vários flancos comerciais, financeiros e diplomáticos, em uma tentativa falhada de derrubar Maduro.
O Ocidente está se abrindo a Caracas?
Desde o início do conflito na Ucrânia, a Casa Branca acelerou a sua aproximação com Miraflores (residência do presidente venezuelano) ao ter enviado duas missões de alto nível a Caracas que conduziram a negociações diretas. Como resultado, um funcionário do governo venezuelano foi tirado da lista dos sancionados pelo Departamento do Tesouro norte-americano. Além disso, foi parcialmente retomado o comércio petrolífero venezuelano, com as empresas europeias Repsol e Eni tendo recebido autorização para cooperar com o país.
Em plena cúpula do G7, em junho, um comunicado do presidente francês solicitava a volta da Venezuela como fornecedor de petróleo ao mercado europeu.
Há múltiplas razões que fazem pensar que se tornou absurdo manter Caracas atrás de uma “cortina de ferro”, supõe o colunista do RT, uma vez que os preços do petróleo recentemente dispararam e o mundo está em ambiente de incerteza sobre o abastecimento energético mundial.
A chegada do presidente turco poderia ao final abrir os olhos dos seus aliados ocidentais à necessidade de pôr fim ao período de bloqueio da Venezuela.
Mesmo assim, pense o Ocidente o que pensar, já o próprio Maduro estabeleceu uma linha estratégica, que não depende tanto de Washington e de seus aliados fiéis.

Última viagem de Maduro

Durante a Cúpula das Américas em Los Angeles, aonde a Venezuela não tinha sido convidada, Maduro se dirigiu a Ancara para se reunir com o seu homólogo turco, demonstrando que não estava à espera de Washington, mas que estava desenhando sua própria agenda que não dependesse das decisões da Casa Branca sobre as sanções.
Ancara não foi o único destino do líder venezuelano. Além da Turquia, ele visitou cinco países asiáticos e africanos, todos possuindo importância no mercado petrolífero e energético: Irã, Argélia, Kuwait, Catar e Azerbaijão. Ao mesmo tempo, é de salientar que Maduro não fez visitas às potências onde tradicionalmente tinha buscado apoio e financiamento: China e Rússia.
Neste caso, prevaleceram as intenções comerciais de desenvolver laços com os países aliados, como a própria Turquia, e reanimar as relações com países historicamente próximos à Venezuela devido à sua participação na Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP).
Ainda não conhecemos em profundidade os acordos que Maduro teria alcançado com os diferentes países que visitou, mas certamente dizem respeito a tais áreas como o gás, petróleo, petroquímica, refino e produção de alimentos. Ele especificou, ao chegar a Caracas, que estava esperando nas próximas semanas empresários de todos os países percorridos durante a viagem.
Neste contexto, as sanções financeiras que foram aplicadas à Venezuela, bem como aos países que queriam fazer comércio com ela, parecem já estarem sendo retiradas, antes de mais devido à sua ineficácia, conclui o analista do RT.
--Publicidade--

Veja Também

- Publicidade -