Irlanda, Espanha, Eslovênia e Holanda anunciaram que não participarão da competição musical Festival Eurovisão da Canção (Eurovision Song Contest, ESC) no ano que vem, após Israel ser autorizado a competir, apesar dos pedidos de várias emissoras para excluir o país devido ao conflito em Gaza.
Na última quinta-feira (4/12), a União Europeia de Radiodifusão (EBU), organização que coordena o concurso e representa emissoras públicas de 56 países, realizou sua assembleia geral semestral. Durante o encontro, alguns membros solicitaram a exclusão de Israel devido à suposta interferência na votação e às ações do país na guerra em Gaza.
Porém, as emissoras votaram apenas para implementar novas regras de votação mais rigorosas, com o objetivo de impedir que governos e terceiros influenciem desproporcionalmente a votação através da promoção de músicas.
Essa medida veio como resposta às acusações de manipulação da votação em favor do representante israelense.
Sistema de votação sob crítica
O sistema de votação do festival foi criticado após Yuval Raphael, sobrevivente do ataque terrorista do Hamas a Israel em 7 de outubro, alcançar o segundo lugar na votação popular deste ano. A representante do ano anterior, Eden Golan, também ficou em quinto lugar, ambas com pontuações baixas do júri.
Segundo a EBU, “uma grande maioria dos membros concordou que não era necessário realizar uma nova votação sobre a participação [de Israel] e que o Festival Eurovisão da Canção de 2026 deve continuar conforme planejado, com as salvaguardas adicionais em vigor”.
O conflito em Gaza tem dividido profundamente as emissoras anfitriãs e os participantes nos últimos dois anos.
Alfonso Morales, secretário-geral da RTVE, emissora espanhola, afirmou que “a situação em Gaza, apesar do cessar-fogo e da tentativa de processo de paz, além da utilização do concurso para fins políticos por Israel, torna cada vez mais difícil manter o Eurovision como um evento cultural neutro” ao anunciar a desistência da Espanha.
A Espanha é um dos chamados “cinco grandes”, que são os países que mais apoiam financeiramente o concurso.
RTE, emissora pública irlandesa, declarou que “a participação da Irlanda é inaceitável, diante das terríveis perdas de vidas em Gaza e da crise humanitária que ainda persiste, colocando em risco a vida de muitos civis”. A Irlanda venceu o Eurovision sete vezes, um recorde que divide com a Suécia.
Presidente de Israel celebra decisão
Isaac Herzog, presidente de Israel, comemorou a aprovação da participação do país no evento de 2026, dizendo que Israel “merece estar representado em todos os palcos do mundo”.
Ele também ressaltou: “Espero que a competição continue promovendo a cultura, a música, a amizade entre as nações e o entendimento cultural entre fronteiras”.
A Alemanha e a Áustria, países que sediarão a competição no próximo ano, apoiam a participação israelense. O chanceler alemão Friedrich Merz indicou em outubro que apoiaria a saída da Alemanha do evento caso Israel fosse excluído.

