CLÁUDIA COLLUCCI
FOLHAPRESS
Nos últimos dias, pelo menos quatro hospitais do estado de São Paulo receberam pacientes com suspeita ou confirmação de envenenamento por metanol, segundo pesquisa feita com 82 hospitais entre a capital, Grande São Paulo, interior e litoral pelo Sindhosp, sindicato que representa hospitais e clínicas privadas.
Apesar da maioria dos hospitais (95%) não ter registrado casos, 96% dos consultados afirmam estar preparados, com protocolos prontos, para identificar e tratar pacientes intoxicações por metanol.
Instituições de referência como o Einstein Hospital Israelita e o Sírio-Libanês também reforçaram suas orientações para atender possíveis casos. O Einstein organizou uma equipe especial envolvendo vários setores para lidar com um possível aumento desses atendimentos.
O Sírio-Libanês orientou seus plantonistas a identificar precocemente casos suspeitos, principalmente quando pacientes chegam com sintomas de intoxicação alcoólica, que pode indicar exposição ao metanol.
O levantamento não inclui dados sobre o estoque de antídotos, como o etanol farmacêutico, que é o único tratamento disponível para intoxicação por metanol no Brasil.
Francisco Balestrin, presidente do Sindhosp, destaca que casos de contaminação por metanol já ocorrem há algum tempo, mas que agora a situação chamou mais atenção por afetar também pessoas de maior poder aquisitivo.
Ele alerta para a subnotificação, pois os hospitais não têm prazo para comunicar as autoridades sobre esses casos, diferente do que ocorre com doenças infecciosas que exigem notificação imediata.
A Associação Médica Brasileira (AMB) divulgou um alerta ressaltando os perigos do consumo de bebidas alcoólicas contaminadas com metanol. Segundo o diretor científico da AMB, José Eduardo Dolci, essa contaminação pode causar sintomas graves como náuseas, dores fortes, cegueira, falência de órgãos e até a morte. Ele critica a falta de fiscalização e de informação para a população.
Recentemente, a Bahia registrou a primeira morte suspeita por intoxicação de metanol envolvendo um homem de 56 anos que foi atendido em Feira de Santana e faleceu na madrugada de sexta (3).
Em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, a prefeitura confirmou a morte de um paciente no dia 23 de setembro por suspeita da mesma intoxicação. Outro caso suspeito está sendo acompanhado no Hospital Geral da cidade.
O Ministério da Saúde confirmou uma morte por intoxicação por metanol em São Paulo após confirmação laboratorial e investiga outras sete mortes suspeitas, ocorridas em São Paulo, São Bernardo do Campo e cidades de Pernambuco.
Ao todo, foram recebidas 59 notificações de possível envenenamento por metanol relacionadas ao consumo de bebida alcoólica nos estados de São Paulo, Pernambuco e no Distrito Federal, com 11 casos confirmados e 48 em investigação, incluindo mortes.