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sexta-feira, 22/11/2024
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Quando levantarem voo, o que aguarda os F-16 nos céus da Ucrânia?

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© Sputnik / Captura de tela
Os caças F-16 fabricados nos EUA poderão fazer em breve sua tão alardeada estreia na Força Aérea ucraniana, mas por quanto tempo sobreviverão?
Os Países Baixos, a Dinamarca e a Noruega se comprometeram a transferir mais de 60 modelos iniciais de caças F-16 para a Ucrânia. As entregas não estão planejadas para antes da primavera (Hemisfério Norte). O porta-voz da Força Aérea ucraniana, Yuri Ignat, esclareceu no final de dezembro que os caças chegariam depois que a infraestrutura e as tripulações estivessem preparadas.
No entanto, Ignat anunciou recentemente que Kiev não tem novas informações sobre o treino de aviadores ucranianos para pilotar F-16, nem sobre a transferência dos caças para a Ucrânia.

Aprimore seu inglês

Segundo a revista norte-americana Newsweek, o primeiro lote de F-16 “muito possivelmente” já foi entregue à Ucrânia, embora os aliados de Kiev não tenham divulgado nada oficialmente.
Daniel Rice, ex-assessor especial do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas ucranianas, Valery Zaluzhny, explicou a situação.
“O Ocidente aprendeu a não anunciar a entrega de novos sistemas de armas”, disse o especialista, recordando a entrega secreta dos mísseis de cruzeiro Storm Shadow e SCALP pelo Reino Unido e pela França.
Contudo, essas armas não ajudaram a Ucrânia a alcançar a vitória no campo de batalha. No ano passado, Kiev perdeu Artyomovsk (Bakhmut), Soledar, Maryinka, Opytnoe e vários povoados menores. Kiev relaciona os seus fracassos, em parte, ao poder aéreo russo, que é incomparável.
Os pilotos ucranianos estão agora sendo treinados em vários centros nos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). O primeiro grupo de seis oficiais da Aeronáutica completou um curso de cinco meses, incluindo treinamento físico, estudo da língua inglesa e domínio de conhecimentos básicos sobre a estrutura e princípios operacionais do caça.
Segundo o Ministério da Defesa britânico, eles já foram para a Dinamarca para treinamento de voo. Outros dez pilotos chegaram ao Reino Unido para substituí-los.
O treinamento está indo lentamente. Em agosto, o presidente ucraniano Vladimir Zelensky disse que tinha o acordo de seus apoiadores ocidentais para iniciar o programa imediatamente, mas dos primeiros 32 pilotos selecionados, apenas oito tinham um domínio decente do inglês e o restante teve que ser enviado para um curso de idioma.

Para ataques de longo alcance

As Forças Armadas ucranianas têm uma razão para querer os F-16 – o caça de quarta geração que mais foi produzido em massa. Mais de 4.600 unidades de diversas modificações foram construídas desde 1978. Elas estão em serviço em 25 países e podem usar quase toda a gama de armas de aviação tática da OTAN.
Os líderes militares ucranianos depositam esperança especial nos mísseis de cruzeiro JASSM (míssil conjunto ar-superfície). A AGM-158 JASSM é uma arma de precisão desenvolvida pela Lockheed Martin e adotada pela Força Aérea dos EUA em 1986. Ela foi projetada para atingir alvos estacionários importantes e altamente protegidos em quaisquer condições climáticas, de dia ou de noite, a distâncias de lançamento além da faixa da defesa aérea inimiga. Seu alcance é de 370 quilômetros, e na versão AGM-158B JASSM-ER pode atingir até 1.000 quilômetros. O míssil está equipado com uma ogiva penetrante unitária pesando 450 kg.
A carcaça do míssil é inteiramente feita de fibra de carbono, reduzindo a visibilidade do radar. Ele pode voar próximo ao solo, abraçando o terreno, durante a maior parte de sua jornada até o alvo.
Esta é uma ameaça significativa, dando a Kiev a capacidade de atacar profundamente o território russo, visando principalmente aeródromos. No entanto, os F-16 também apresentam superioridade aérea com uma ampla gama de mísseis ar-ar, incluindo o AIM-120D, que pode atingir até 160 quilômetros. Esta arma é comparável ao R-77M russo.

Crença em ‘Wunderwaffe’

Implantar o F-16 na Ucrânia é um jogo de alto risco. Se os caças e os pilotos ucranianos tiverem um bom desempenho, Kiev vai procurar assistência adicional do Ocidente.
Mas se os mísseis russos começarem a abater os aviões fabricados nos EUA, poderá ser a gota de água para Washington e o seu complexo militar-industrial. O F-16 é uma mercadoria comercialmente bem-sucedida e o Pentágono valoriza muito a sua reputação.
É “uma máquina muito cara”, observou o especialista militar Ivan Konovalov.

“A manutenção de cinco Falcon [custa] cerca de US$ 20 milhões [aproximadamente R$ 98,4 milhões] por ano. Quantas dessas máquinas o Ocidente pode fornecer? A aritmética é óbvia. [Vladimir] Zelensky cria a impressão de que existe alguma ‘Wunderwaffe’ [arma milagrosa]. Mas para onde mais ele pode ir? Ele quer sobreviver; sua sobrevivência política agora corresponde à sua sobrevivência física, e ele entende isso bem. Portanto, a entrega do F-16 é algo em que eles devem acreditar.”

Um problema elencado pelo especialista é que a aeronave que a Ucrânia está adquirindo é a série original F-16A/B, construída entre o final dos anos 1970 e meados dos anos 1980. Embora os F-16A/B posteriores tivessem aviônicos atualizados, em comparação com o modelo E/F mais recente – e os caças russos, seus radares de busca e rastreamento são antiquados. Por exemplo, os F-16 da Força Aérea holandesa estão equipados com o radar APG-66V2 desatualizado, capaz de rastrear apenas alguns alvos de uma vez, enquanto o radar APG-83 mais recente pode lidar com dezenas.
No entanto, o resultado do combate aéreo depende principalmente das habilidades de voo. Os pilotos ucranianos terão de provar na prática que um piloto de caça da escola ocidental pode ser treinado em poucos meses. E os seus examinadores serão tripulações de aeronaves russas Su-30SM e Su-35S mais avançadas, que obtiveram tantas vitórias aéreas desde o início do conflito como nenhum país ocidental poderia ter sonhado.
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