A UNITA desafiou os resultados por supostas irregularidades eleitorais, mas, na opinião de Yuri Bakharev, secretário executivo do Conselho Empresarial Angola-Rússia, vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Angola-Rússia e representante da Afrocom Rússia em Angola, ela não terá sucesso, e também não haverá agitação social.
Para ele, que também falou à Sputnik, o MPLA mereceu ganhar porque o início da recente crise econômica no país africano coincidiu com a primeira vitória de Lourenço, antes de ser seguida por fatores externos como a pandemia, crise energética e outros. No entanto, ele aponta o crescimento da popularidade da UNITA como um desafio e incentivo para o MPLA trabalhar melhor no objetivo de resolver os problemas do país.
Bakharev opina que a UNITA é popular entre os jovens angolanos por suas “promessas populistas sem fundamento” e que o partido parece não ter um plano coerente para governar o país. A insatisfação com o alto desemprego e as dificuldades econômicas sob o MPLA são outros dos fatores aliciantes.
Adalberto Costa Júnior, presidente da UNITA desde 2019, é considerado um candidato pró-ocidental, tendo vivido e viajado entre 1975 e 2002 em Portugal, outros países europeus, Israel e nos EUA, referiu Jon Schubert, antropólogo político na Universidade de Basileia, Suíça, e observador de longa data de Angola, à Sputnik.
Segundo Yuri Bakharev, a União Europeia e os EUA têm interesse nos recursos energéticos angolanos, estimados em nove bilhões de barris de petróleo e mais de 300 bilhões de metros cúbicos de gás não explorados. Isso ficou claro especialmente depois que os preços do petróleo caíram em 2014 e 2015, quando tanto Washington como Bruxelas intensificaram a investigação de casos de corrupção em Angola. Apesar disso, ele não viu evidências de envolvimento externo nas últimas eleições.
O secretário executivo do Conselho Empresarial Angola-Rússia mencionou as relações sino-africanas, que levaram a um aumento do investimento no continente, mas explicou que o dinheiro resultante dos projetos vai para empresas da China ou empresas locais criadas pelos chineses.