Israel continuará a atacar alvos iranianos na Síria depois de condenar o massacre de Bucha, disse o ministro de Defesa do país, Benny Grantz, nesta segunda-feira (4).
Embora a Rússia tenha negado, reiteradas vezes, qualquer relação com os ataques em Bucha, o ministro da Defesa israelense reproduziu as falsas alegações ucranianas e ainda declarou que a situação não mudará em nada a postura de Israel no Oriente Médio.
“Israel será capaz de fazer o que precisa para se defender mesmo depois de condenar a Rússia pelos crimes de guerra em Bucha, na Ucrânia”, disse o ministro da Defesa israelense.
Segundo Benny Gantz, “continuaremos a agir em todos os lugares do Oriente Médio onde precisamos agir”, afirmou, após ser questionado se a condenação do ministro das Relações Exteriores, Yair Lapid, no domingo (3), afetará a coordenação com a Rússia na Síria.
Israel ataca alvos iranianos na Síria há anos, em um confronto que deixou milhares de civis mortos. A Síria nunca reconheceu a existência legal do Estado de Israel, e os países estão em desacordo desde sua fundação, em 1948.
O último ataque aéreo israelense na Síria foi relatado em 7 de março, quando forças israelenses atingiram locais perto do aeroporto de Damasco e do subúrbio de Al-Assad. O Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) relatou, na ocasião, que dois de seus oficiais foram mortos na ofensiva.
Jerusalém notifica Moscou antes dos ataques para não atingir o exército russo, que é uma força militar dominante na Síria.
“Mesmo na guerra, devemos ter certeza de seguir os valores que são chamados de moralidade na luta”, disse Gantz nesta segunda-feira (4), segundo informações do Jerusalem Post.
“Infelizmente, os civis podem ser prejudicados no contexto da guerra, mas não podem ser assassinados como parte de uma guerra. Isso é algo que parece muito sério”, concluiu.
Sobre os recentes eventos em Bucha, é importante frisar que o governo de Israel não foi unanime em condenar a Rússia, a exemplo de outros países e mídias alinhadas com os EUA.
O ministro das Finanças do país, Avigdor Liberman, recusou-se a condenar a Rússia por supostos crimes de guerra, assumindo uma posição neutra.
“Todos nós condenamos os crimes de guerra”, disse Liberman, acrescentando, em seguida, que “há acusações mútuas aqui: a Ucrânia culpa a Rússia, e a Rússia culpa a Ucrânia”.
No último dia 24, o embaixador russo na Síria, Aleksandr Efimov disse que os últimos ataques israelenses em território sírio estão “provocando a Rússia a reagir”.
Em uma das mais fortes condenações russas às operações israelenses na Síria, Efimov também reclamou que as ofensivas visam “aumentar as tensões na região e permitir que o Ocidente realize atividades militares no país”.