O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, declarou nesta sexta-feira (22/8) que não há um encontro previsto entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o ucraniano, Volodymyr Zelensky. Isso ocorre enquanto aumentam os esforços diplomáticos para buscar uma solução para o conflito na Ucrânia. Lavrov afirmou em entrevista ao canal americano NBC que Putin está disposto a se reunir com Zelensky apenas quando a pauta para essa cúpula estiver definida, o que ainda não ocorreu.
Para a pesquisadora Samantha de Berden, do Royal Institute of International Affairs, uma organização de estudos políticos em Londres, esse encontro não vai acontecer. Segundo ela, apenas os Estados Unidos e o Ocidente esperavam essa reunião, mas a Rússia nunca mudou sua posição. A mídia e a comunidade internacional acreditaram nas palavras do ex-presidente norte-americano Donald Trump quando ele disse ter convencido Putin a se encontrar com Zelensky, mas Putin nunca indicou que aceitaria um encontro iminente.
Os russos indicaram que talvez as negociações precisem acontecer em um nível mais elevado. Apesar de muita movimentação, entre líderes e jornalistas, não houve mudança na postura russa nem em suas exigências. Civis ucranianos continuam sofrendo com os bombardeios russos, refletindo a realidade do conflito. O presidente norte-americano Donald Trump expressa interesse em encerrar rapidamente o conflito iniciado em 2022 e disse estar organizando um encontro entre Putin e Zelensky, mas a participação dos dois permanece incerta.
Samantha de Berden destaca que Putin gostaria desse encontro se pudesse controlar todas as condições, mas ele não controla completamente o cenário, especialmente com a firmeza demonstrada pelos europeus. Putin percebe que Zelensky não quer ceder e, possivelmente, também não deseja o encontro para evitar repetir discussões já feitas. Se Putin estivesse realmente disposto, teria aceitado propostas como a realização de uma reunião em Genebra, que não avançou devido a questões legais envolvendo a imunidade do presidente russo.
De acordo com Serguei Lavrov, os Estados Unidos buscam que os países envolvidos aceitem vários princípios para um acordo futuro, incluindo a não adesão da Ucrânia à Otan e negociações sobre trocas territoriais, que Zelensky recusou. Lavrov também acusou Kiev de não querer uma solução justa e duradoura para o conflito, enquanto o Kremlin está de acordo com um encontro apenas na fase final das negociações, posição que permanece distante entre os lados.
Volodymyr Zelensky manifestou diversas vezes sua disposição para se reunir com Putin, apesar de ter assinado um decreto em 2022 proibindo negociações com o presidente russo. Até mesmo Donald Trump parece ter desistido da ideia do encontro bilateral, comparando a possibilidade de união entre Putin e Zelensky a misturar “óleo e vinagre”, apontando as grandes diferenças entre eles.
Trump expressou desaprovação pelo ataque russo a uma fábrica americana na Ucrânia e pela continuidade da guerra, ressaltando seu descontentamento com o conflito e suas consequências. Quanto à cúpula entre Putin e Zelensky, as autoridades russas mantém a mesma mensagem clara: o encontro poderia ocorrer, mas somente após os detalhes de um acordo para cessar os combates serem definidos.