O presidente Vladimir Putin da Rússia sancionou nesta segunda-feira (27/10) uma legislação que formaliza a saída do país de um acordo bilateral com os Estados Unidos que regulava o reprocessamento de plutônio. O pacto tinha como objetivo evitar que ambos os países produzissem mais armamento nuclear.
Este ato simboliza o fim de mais um tratado assinado no período pós-Guerra Fria entre as duas maiores potências nucleares, refletindo o agravamento das relações entre a Rússia e o Ocidente.
O acordo, nomeado Acordo Sobre a Gestão e Disposição de Plutônio (PMDA, na sigla em inglês), foi originalmente firmado em 2000 e ratificado em 2011. Seu propósito era transformar as reservas de plutônio acumuladas durante a Guerra Fria em combustível para geração de energia nuclear.
Cada país comprometia-se a reciclar 34 toneladas de plutônio, o que equivalia a eliminar material para cerca de 17 mil ogivas nucleares.
Em 2016, o presidente Putin já havia decretado a suspensão da participação russa no tratado, em meio a tensões crescentes, como a anexação da Crimeia e sanções impostas pelo Ocidente.
Naquela ocasião, a Rússia solicitou o levantamento das sanções e a diminuição da presença militar americana na Europa Oriental, pedidos rejeitados pelos Estados Unidos.
Segundo comunicado do Kremlin, novas medidas antirrussas alteraram o equilíbrio estratégico previsto no momento da assinatura do pacto e representam ameaças à estabilidade global.
A legislação aprovada recentemente pelo Parlamento russo formaliza a saída do país desse acordo.
Desde a invasão da Ucrânia em 2022, líderes ocidentais têm acusado Putin de usar ameaças nucleares como instrumento de pressão.
Em 2023, a Rússia também anunciou a suspensão de sua participação no tratado New Start, que regula a redução de armas nucleares entre Moscou e Washington. Este último acordo limita a 1.550 o número de ogivas e a 800 os sistemas de lançamento de armas nucleares para cada país.
Apesar disso, a Rússia não declarou formalmente sua saída do New Start, que tem validade até fevereiro de 2026, com possibilidade de prorrogação.
Além disso, a Rússia declarou recentemente ter realizado com êxito o teste do míssil de cruzeiro de propulsão nuclear Burevestnik, aumentando as tensões com os Estados Unidos, cujo então presidente Donald Trump classificou o anúncio como inadequado.
Juntas, Rússia e Estados Unidos detêm a maior parte do arsenal nuclear mundial, possuindo cerca de oito mil ogivas, um número significativamente menor do que o pico histórico de 73 mil em 1986.
