O assessor presidencial russo, Yury Ushakov, afirmou nesta segunda-feira (1º/9) que não existe um consenso entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o líder dos Estados Unidos, Donald Trump, para realização de uma reunião trilateral ou bilateral com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Em entrevista, o representante do Kremlin explicou que até o momento não há propostas concretas para ampliar as negociações entre Moscou e Kiev.
“Muitos comentam sobre uma reunião trilateral, ou um encontro entre Putin e Zelensky… Porém, conforme meu conhecimento, não houve nenhum acordo específico entre Putin e Trump a respeito”, disse Ushakov.
A declaração revela a dificuldade das negociações para estabelecer um cessar-fogo na guerra da Ucrânia, que já se prolonga por quase três anos. Desde que assumiu o papel de mediador, Trump busca se posicionar como um “presidente da paz”, mas enfrenta crescente frustração devido a exigências consideradas “irrealistas” por parte de Zelensky e de aliados europeus.
A Casa Branca previa que um encontro entre Putin e Zelensky acontecesse até duas semanas após a cúpula de Anchorage, no Alasca, realizada em 15 de agosto, entretanto, esse prazo expirou sem progressos.
“O que imaginei que seria mais simples está se provando o mais complicado”, admitiu o presidente norte-americano.
No último dia 15 de agosto, Donald Trump iniciou a mediação do conflito na Ucrânia ao receber o líder russo, Vladimir Putin, em Anchorage, no Alasca. Após uma reunião de três horas, os dois não chegaram a um acordo, mas expressaram abertura para continuar o diálogo e afirmaram estar “caminhando na direção correta”.
Pouco depois, Trump encontrou-se com Volodymyr Zelensky na Casa Branca, seis meses após um confronto entre eles relacionado a um acordo sobre minerais estratégicos ucranianos, assinado meses antes. Zelensky participou acompanhado de líderes europeus que apoiam a Ucrânia no conflito. Após essa reunião, Trump ligou para Putin e mencionou que estava organizando um encontro bilateral entre os dois líderes.
De acordo com o jornal Politico, o enviado especial dos EUA, Steven Witkoff, deve se reunir em Nova York com o chefe de gabinete de Zelensky, Andriy Yermak, tentando preparar o terreno para uma possível cúpula. Moscou, por outro lado, mantém exigências incluindo o reconhecimento da perda de territórios em Donbass, a neutralidade da Ucrânia e a exclusão de Kiev da Otan.
Enquanto as negociações estagnam, o conflito se intensifica. Na última semana, a Rússia realizou mais de 600 ataques contra a capital ucraniana, causando pelo menos 21 mortes, incluindo quatro crianças. Zelensky descreveu a ofensiva como um “assassinato intencional de civis”.
O Kremlin, no entanto, mantém a intenção de continuar a “operação militar especial” até que suas condições sejam satisfeitas.
Em meio ao impasse, Trump voltou a culpar tanto Kiev quanto Moscou pela paralisação das negociações. “Para dançar tango são necessárias duas pessoas”, comentou ironicamente, referindo-se a Zelensky. Ele chegou a sugerir a aplicação de novas sanções contra a Rússia, mas evitou anunciar medidas imediatas, confiando que ainda existe espaço para um acordo negociado.