O presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou nesta quinta-feira (2/10) que, caso os Estados Unidos não vejam a necessidade de estender o Tratado de Redução de Armas Estratégicas, conhecido como New START, a Rússia igualmente não deseja prorrogar o acordo. Essa afirmação foi feita durante a sessão plenária do Fórum Valdai, onde Putin destacou a confiança da Rússia em sua capacidade nuclear defensiva.
“Sabemos que algumas pessoas nos Estados Unidos afirmam: ‘Não é necessária a extensão do New START’. Se eles não precisam, nós também não precisamos. Em geral, estamos em boas condições. Confiamos plenamente em nosso escudo nuclear; sabemos como agir amanhã e nos dias seguintes”, enfatizou Putin, ressaltando que a Rússia está preparada para quaisquer circunstâncias futuras.
Detalhes do New START
O tratado, assinado em 2010, limita a quantidade de ogivas nucleares estratégicas a 1.550 para cada país, além de impor restrições a mísseis e bombardeiros, incluindo inspeções mútuas.
O acordo tinha validade até fevereiro de 2026, mas a Rússia suspendeu unilateralmente sua participação em fevereiro de 2023, após o início do conflito na Ucrânia.
Desde então, Moscou tem sugerido que novos acordos de controle nuclear também incluam outras potências, como China, França e Reino Unido.
O governo russo justifica essa proposta afirmando que a nova conjuntura multipolar mundial e o aumento dos arsenais fora do eixo tradicional da Guerra Fria exigem uma abordagem diferente.
Posição e negociações recentes
Numa recente iniciativa, Putin sugeriu ao presidente dos EUA, Donald Trump, a extensão do tratado por mais um ano, até fevereiro de 2026, mantendo os limites atuais de armamento. Contudo, destacou que essa prorrogação só será possível se Washington não adotar medidas que comprometam ou desequilibrem a dissuasão mútua.
“Se não há necessidade de renovar o New START, para nós está tudo bem”, afirmou Putin, reiterando que a proposta russa busca apoiar a não proliferação nuclear global e incentivar o diálogo sobre futuros acordos de controle de armas.
Contexto internacional
O tratado entre os Estados Unidos e a Rússia se tornou ainda mais relevante com a guerra na Ucrânia, reacendendo preocupações sobre segurança nuclear global e a renúncia da Ucrânia a seu arsenal nuclear em 1994, conforme o Memorando de Budapeste.
Apesar de EUA e Rússia concentrarem mais de 90% das ogivas nucleares mundiais, especialistas avaliam que a oferta de prorrogação feita por Putin pode adiar responsabilidades diretas dos dois países no controle global de armas nucleares.