O presidente da Rússia, Vladimir Putin, reafirmou a posição russa sobre a Crimeia, elevando o tom em relação à guerra na Ucrânia, enquanto novas negociações de paz acontecem. Em entrevista divulgada na quinta-feira (4/12), ele declarou que a Rússia não anexou a Crimeia, mas sim apoiou um povo ameaçado após um golpe de Estado em Kiev.
“Não anexamos a Crimeia. Quero deixar isso claro. Apenas ajudamos pessoas que não queriam ter suas vidas e futuros controlados por aqueles que levaram o golpe na Ucrânia”, afirmou Putin.
Segundo o presidente, os habitantes da península reconheceram que a região pertencia à Ucrânia após a dissolução da União Soviética, mas não desejavam viver sob ameaças de retaliação.
Putin também negou que o interesse russo fosse pelo porto estratégico da Crimeia. Ele explicou que a Marinha russa estava baseada lá devido a um acordo com a Ucrânia, um fato que dispensa necessidade de tomada do porto.
O líder russo destacou que a Rússia assumirá controle completo da região de Donbas se as tropas ucranianas não se retirarem. Ele enfatizou que Moscou tomará Donetsk e Luhansk pela força, se necessário, ou as tropas ucranianas devem deixar essas áreas.
Hoje, a Rússia controla 19,2% do território ucraniano, incluindo Luhansk, a maior parte de Donetsk, e partes de Kherson, Zaporizhzhia, Kharkiv e Sumy. Cerca de 5 mil km² de Donetsk permanecem sob controle ucraniano. Recentemente, Moscou anunciou a captura das cidades estratégicas de Pokrovsk e Vovchansk, notícia contestada por Kiev, que acusa a Rússia de exagerar seus avanços militares no momento em que a defesa ucraniana está fragilizada.
As negociações para um acordo de paz estão acontecendo somente entre Rússia e Estados Unidos, sem participação europeia, conforme confirmou o Kremlin. O assessor Yuri Ushakov afirmou que a comunicação está restrita a Moscou e Washington.
A reunião entre Putin e os enviados norte-americanos Steve Witkoff e Jared Kushner, realizada na terça-feira (2/12), durou quase cinco horas e discutiu exclusivamente a guerra. Moscou apresentou críticas e sugestões aos documentos dos EUA e qualificou o encontro como franco e produtivo.
Autoridades ucranianas viajaram para Washington para apresentar suas posições sobre o plano em análise. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky mantém a postura de não aceitar concessões territoriais.
Nos Estados Unidos, o ex-presidente Donald Trump criticou Zelensky, afirmando que ele demorou para iniciar negociações com Moscou. “Eu disse: vocês não têm cartas na manga. Aquele foi o momento certo para negociar”, declarou Trump, sugerindo que Kiev perdeu chances estratégicas.

