O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou nesta terça-feira (5/11) que ministérios e agências de segurança desenvolvam propostas para a possível preparação de testes de armamentos nucleares. Esta ação ocorre em meio a um momento de crescente tensão com os Estados Unidos, após o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciar a retomada dos testes atômicos pela primeira vez em mais de 30 anos.
Durante uma reunião do Conselho de Segurança, Putin solicitou que o Ministério das Relações Exteriores, o Ministério da Defesa, os serviços de inteligência e outras agências governamentais avaliem a conveniência de iniciar os preparativos para tais testes.
De acordo com o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, o presidente não ordenou o início imediato dos preparativos, mas pediu uma avaliação detalhada sobre o assunto.
Este encontro, que originalmente trataria de temas relacionados à segurança nos transportes e à visita recente de uma delegação russa à China, acabou sendo dominado por discussões acerca da escalada nuclear.
O presidente da Duma Estatal, Vyacheslav Volodin, mencionou declarações de Trump sobre a retomada dos testes e manifestou preocupação em relação à estabilidade global.
Clima de tensão
Putin classificou o tema como sério e convocou o ministro da Defesa, Andrey Belousov, o chefe do Estado-Maior, Valery Gerasimov, e os diretores do FSB e do Serviço de Inteligência Estrangeira para discutirem o assunto.
Belousov enfatizou o avanço das armas ofensivas norte-americanas e recomendou que a Rússia mantenha seu potencial nuclear em nível adequado, sugerindo o início imediato dos preparativos para testes em larga escala.
A intensificação dessa retórica traz à tona memórias da Guerra Fria. Recentemente, Putin apresentou novos armamentos estratégicos, incluindo o drone nuclear submarino Poseidon, capaz de gerar tsunamis radioativos.
Horas após o anúncio, Trump justificou sua decisão afirmando que os Estados Unidos precisam “igualar as condições” com Rússia e China.
Desde 1992, os Estados Unidos mantinham uma moratória informal sobre testes nucleares, baseada no Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares (CTBT). Moscou havia ratificado esse acordo em 2000, mas retirou sua ratificação em 2023, alinhando-se à postura norte-americana.
Considerando que os dois países detêm aproximadamente 90% das ogivas nucleares do mundo, essa escalada reacende temores de uma nova corrida armamentista. O último acordo importante em vigor, o New START — que limita o número de ogivas estratégicas — expira em 2026. Putin já indicou que poderá abandoná-lo caso Washington faça o mesmo.
