O PT passou a defender uma revisão das normas de suplência após ser surpreendido e perder o comando da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para a oposição. Lideranças do partido acreditam que, devido à ausência de membros titulares alinhados ao governo no colegiado, os suplentes da oposição conseguiram votar contra os interesses do Planalto.
Essa situação decorre da reorganização dos blocos partidários na Câmara ocorrida este ano. No novo acordo político, as principais legendas da Casa fecharam um grande bloco único que inclui desde o PT até o PL, totalizando 475 entre os 513 deputados. Apenas os partidos Avante, Solidariedade, PRD, Psol, Rede e Novo não participam deste bloco.
Diante disso, lideranças petistas planejam questionar a Câmara sobre o funcionamento da suplência, buscando garantir que os deputados do mesmo partido ou federação tenham prioridade para assumir vagas de titular. Fontes do partido também indicam a intenção de persuadir legendas do Centrão a substituir seus indicados por nomes mais próximos ao governo, além de estudar o regimento para tentar alterar a relatoria da comissão, atualmente conduzida pelo deputado Alfredo Gaspar (União-AL).
O movimento petista ocorre após uma derrota significativa da situação, quando a oposição impôs uma ampla derrota na comissão, eleita contra os nomes negociados inicialmente pelo Planalto com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Esse resultado surpreendeu e foi considerado humilhante para o governo e seus líderes.
As causas dessa reviravolta incluem a redução dos repasses de emendas pelo governo federal ao Legislativo, que diminuíram quase pela metade em comparação com o início do ano, aumentando o descontentamento dos parlamentares, principalmente do Centrão, que se uniu à oposição para assumir o controle da CPMI.
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), admitiu que a equipe entrou confiante demais, subestimando a capacidade de articulação do adversário, que acabou exercendo a maioria e elegendo o presidente da comissão.
Além disso, a falta de controle do presidente da Câmara, Hugo Motta, sobre o Centrão e a ausência de nomes importantes da base governista no plenário foram apontadas como fatores que contribuíram para a derrota. A oposição atuou com cautela e mantive suas movimentações discretas para surpreender o governo.
A CPMI, composta por 32 membros titulares entre deputados e senadores da base governista e da oposição, também conta com o mesmo número de suplentes.
Após esta derrota, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, convocou os líderes da base governista no Congresso para uma reunião no Palácio do Planalto. O encontro ocorreu logo após o presidente Lula se reunir com Hugo Motta e o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), com o objetivo de discutir estratégias relacionadas à CPMI.