Diversas cidades da Itália presenciaram manifestações, paralisações e bloqueios na segunda-feira (22/9), em reação à ofensiva israelense na Faixa de Gaza. As mobilizações foram marcadas por embates intensos entre os manifestantes e a polícia em Milão.
Convocados por sindicatos, os protestos tinham a finalidade de pedir sanções econômicas e diplomáticas contra Israel, além de denunciar o que os organizadores chamaram de “genocídio em Gaza”.
Em Roma, mais de 20 mil pessoas se reuniram em frente à estação Termini, entre elas muitos estudantes do ensino médio segurando bandeiras palestinas e cartazes com mensagens como “Contra o genocídio, vamos bloquear tudo!”, enquanto entoavam o grito “Palestina livre!”. O sistema de transporte público da capital teve interrupções nos serviços de ônibus e metrô. À noite, grupos católicos promoveram uma vigília de solidariedade e oração.
Em Milão, houve confrontos acirrados entre manifestantes e policiais próximos à estação central. Participantes arremessaram pedras e cadeiras contra as forças de segurança, e dezenas chegaram a invadir a estação, mas foram dispersados com gás lacrimogêneo.
Em Bolonha, mais de 10 mil pessoas participaram, segundo autoridades locais. Um grupo bloqueou uma estrada e foi disperso por jatos d’água. Vídeo e relatos confirmam protestos também em Turim, Florença, Nápoles, Bari, Palermo, Gênova e Livorno. Em Gênova e Livorno, trabalhadores portuários bloquearam os acessos aos portos.
As manifestações aconteceram em um momento delicado, com diversos países debatendo na ONU o reconhecimento do Estado da Palestina. Entretanto, a Itália, sob o governo ultraconservador de Giorgia Meloni, ainda não considera essa possibilidade.
O governo italiano, alinhado a políticas semelhantes às do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mantém uma postura de cautela diante do conflito em Gaza. Apesar de Meloni manifestar preocupação com a ofensiva, Roma evita reconhecer a Palestina e resiste às sanções propostas pela União Europeia. Declarou, porém, não vender armas a Israel desde 7 de outubro de 2023.
Pesquisa recente do instituto Only Numbers mostra que 63,8% dos italianos classificam como “extremamente grave” a crise humanitária em Gaza, e 40,6% apoiam o reconhecimento do Estado palestino.
A operação israelense em Gaza intensificou-se recentemente com a meta de eliminar o grupo Hamas, responsável pelo ataque que ocorreu em 7 de outubro de 2023 em território israelense, causado 1.219 mortes, majoritariamente civis. Em resposta, bombardeios israelenses já provocaram 65.344 mortes em Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde local, cuja confiabilidade é reconhecida pela ONU.