Por Daniel Xavier
O feriado do Dia da Independência do Brasil, comemorado no domingo (7), foi marcado por manifestações na capital federal envolvendo grupos com opiniões políticas opostas. De um lado, os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniram para pedir anistia aos envolvidos nos eventos do dia 8 de janeiro, pressionar o Congresso e pedir a liberdade do ex-presidente. De outro, movimentos sociais e partidos de esquerda realizaram o Grito dos Excluídos, defendendo a soberania do país, a democracia e direitos sociais.
O ato pró-Bolsonaro aconteceu no estacionamento da Funarte, atrás da Torre de TV, que começou por volta das 9h. Organizado por lideranças da direita, contou com cerca de 30 mil pessoas, segundo os organizadores. Estavam presentes autoridades como a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), os senadores Izalci Lucas (PL-DF) e Jaime Bagattoli (PL-RO), além dos deputados federais Alberto Fraga (PL-DF), Bia Kicis (PL-DF) e Zé Trovão (PL-SC), e o ex-desembargador Sebastião Coelho (Novo-DF).
Damares Alves pediu aos manifestantes que continuassem mobilizados e destacou avanços políticos da base bolsonarista no Congresso. Em seu discurso, a senadora afirmou que o Brasil é democrático e expressou apoio a Bolsonaro.
O deputado federal Mário Frias (PL-SP) defendeu o retorno de Bolsonaro nas eleições, dizendo que a ausência do ex-presidente seria um golpe contra a democracia. Ele criticou a imprensa e exaltou o papel simbólico de Bolsonaro para os manifestantes.
Zé Trovão relembrou o atentado sofrido por Bolsonaro em 2018 e criticou o ministro Alexandre de Moraes. Ele falou sobre sua prisão e como isso fortaleceu sua determinação para lutar pela nação.
Um manifestante emocionado, que usava tornozeleira eletrônica, abraçou a senadora Damares Alves e pediu liberdade. O professor Wellington Sampaio, especialista em Educação Física e Artes Marciais, estava presente e ressaltou a importância da educação e incentivou mobilização em favor de valores como Deus, pátria, família, justiça e liberdade.
Protesto da esquerda na Praça Zumbi dos Palmares
Cerca de três quilômetros longe, no Conic, seguidores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participaram do Grito dos Excluídos, com cerca de 2 mil pessoas. O evento ocorreu ao mesmo tempo do desfile cívico-militar e do ato “Reaja Brasil”, promovido pelos bolsonaristas.
Com o tema “Vida em Primeiro Lugar – Cuidar da Casa Comum e da democracia é luta de todo dia”, o movimento reforçou seu compromisso com a soberania nacional e os direitos sociais. Estavam presentes líderes como as deputadas federais Erika Kokay (PT-DF) e a drag queen Ruth Venceremos (PT), o ex-secretário Ricardo Cappelli (PSB), o deputado distrital Gabriel Magno (PT-DF) e o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ).
Ruth Venceremos reforçou a importância da defesa da soberania e do povo brasileiro, criticando a pauta bolsonarista e pedindo que não haja anistia para quem causou depredação e atacou a democracia em 8 de janeiro.
Erika Kokay destacou a relação entre direitos, democracia e soberania, e também repudiou a anistia aos envolvidos nos atos golpistas. Ela afirmou que os direitos são essenciais para consolidar a democracia e reafirmou a necessidade de cuidar do meio ambiente e ter justiça social.
O Grito dos Excluídos é um evento realizado desde 1995 como uma resposta aos desfiles militares, reunindo vários movimentos sociais, sindicais, estudantis e culturais. As principais pautas deste ano foram o repúdio à anistia para os envolvidos nos atos golpistas, o fim da escala de trabalho 6×1 para servidores públicos e a aprovação da reforma do Imposto de Renda.
Um jovem de 27 anos, que preferiu não se identificar, disse que o objetivo do ato é mostrar que o Brasil é soberano, rico e democrático, e que deve ser lutado em favor do povo brasileiro. Ele afirmou: “O Brasil é do povo e devemos trabalhar para mudar as coisas.”
A data do 7 de setembro tem um significado simbólico para essas mobilizações. A retomada do julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, marcada para terça-feira (9), aumenta a tensão entre os grupos de direita e esquerda. Em Brasília e em várias cidades do país, o feriado da Independência se transformou em palco de debates intensos, com discussões sobre liberdade, soberania e justiça social em um cenário político dividido e ativo.