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quarta-feira, 01/10/2025




Protestos da geração Z na Ásia inspiram a América do Sul

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Em Brasília

Uma onda de manifestações lideradas por jovens tem se espalhado por vários países da Ásia e recentemente chegou à América Latina. De Nepal a Indonésia, incluindo Filipinas, Bangladesh e Sri Lanka, os jovens têm saído às ruas para expressar sua insatisfação contra a corrupção e a desigualdade, enfrentando repressão policial agressiva.

No Peru, os jovens estão na linha de frente dos protestos recentes contra a presidente Dina Boluarte, seu governo e o Congresso, sob o lema “O povo se levanta, dia do despertar peruano”. As manifestações começaram em 20 de setembro por causa de reformas nas pensões que obrigam todos os peruanos acima de 18 anos a se filiar a um fundo de pensão. No último sábado, novas mobilizações ocorreram com forte repressão policial, deixando dezenas de feridos.

O descontentamento vem também da longa insatisfação contra Dina Boluarte e o Congresso, afetados por escândalos de corrupção, instabilidade econômica e aumento da violência. Soma-se a isso a impunidade diante da morte de manifestantes pelas forças de segurança desde que Dina Boluarte assumiu o poder no final de 2022, após a destituição e prisão preventiva do ex-presidente Pedro Castillo, acusado de tentativa de golpe de Estado.

Dina Boluarte está entre os governantes mais rejeitados do mundo, com uma aprovação de apenas 2,5%, segundo o Instituto de Estudos Peruanos – o Congresso tem aprovação de apenas 3%.

Juventude engajada no Paraguai

Em 28 de setembro, o Paraguai, apontado como um dos países mais corruptos da América Latina, viu jovens tomarem o centro da capital Assunção em protesto contra a corrupção. O ato ocorreu em frente ao Congresso e foi seguido de uma marcha pelas ruas, com o lema “Somos 99,9%. Não queremos corrupção”.

Lilian Soto, médica, política e ativista feminista, comentou que a juventude está exausta da corrupção estatal, má gestão, nepotismo e da falta de políticas públicas eficazes, enquanto a política é cooptada pelo narcotráfico. Ela criticou também a sobrevivência do partido governante às custas da precariedade dos serviços públicos, como a falta de suprimentos nos hospitais.

Um símbolo de resistência

Um símbolo que tem marcado esses protestos é uma caveira com chapéu de palha, do mangá japonês “One Piece”. Esse emblema representa a luta contra governantes autoritários e corruptos, sendo usado por manifestantes em vários países asiáticos, e agora também no Peru e Paraguai.

Leonardo Munoz, manifestante em Lima, disse que o personagem principal da série, Luffy, simboliza a libertação das pessoas contra tiranos, o que reflete a atual situação dos protestos no Peru.

Contexto global e repressão

Esses movimentos ocorrem num momento em que as democracias enfrentam desafios e tentativas de enfraquecimento dos sistemas judiciais e órgãos de fiscalização. A memória da década de 1990, durante o governo Fujimori no Peru, evidencia o perigo de controle autoritário das instituições.

Lilian Soto destacou que a organização dos jovens, especialmente no Paraguai, tem se dado de forma inovadora, utilizando intensamente as redes sociais. Porém, a repressão tem sido forte, com prisões violentas e abusos cometidos pelas forças policiais, que agem muitas vezes sem ordem judicial e com uso excessivo da força, segundo denúncias de organizações e ativistas.

Enquanto isso, a polícia justifica as ações alegando que as detenções foram motivadas por desordens e agressões a agentes públicos.




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