Um protesto organizado pelo Sindicato dos Comerciários na rua 25 de Março, centro de São Paulo, mostrou a insatisfação de trabalhadores com as críticas do governo dos EUA sobre a venda de produtos piratas nessa região. O objetivo do ato foi alertar sobre a responsabilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro na possível imposição de tarifas às exportações brasileiras para os Estados Unidos.
Apesar de pequeno, com cerca de cem participantes, o protesto parou o trânsito por cerca de uma hora, com militantes usando máscaras do presidente americano Donald Trump e de Bolsonaro.
Durante o ato, membros das centrais sindicais Força Sindical e UGT destacaram a importância dos Brics e criticaram o sistema financeiro atual.
A movimentação chamou a atenção dos lojistas da região, que reagiram de formas diferentes, desde apoio até dúvidas e críticas.
Alguns participantes deram suas opiniões, como Brenda Soares, 21, vendedora, que quis entender o que estava acontecendo. Já o repositor Wagner Pereira, 21, destacou que a taxação do Brasil é errada, mas criticou tanto Trump quanto o ex-presidente Lula.
Nem todos gostaram do protesto. A administradora de loja Débora Bruning, 39, afirmou que o ato é desnecessário, embora desaprove a interferência americana na rua 25 de Março.
A gerente Lorraine Regina, 39, que também estava no local, disse que apesar da dificuldade de competir com o barulho, apoia o protesto e nega que a rua tenha só produtos falsificados.
A analista de marketing Juliana Oliveira, 40, que perguntou se o Lula estava no carro de som, expressou sua insatisfação com o protesto ao gritar o nome de Bolsonaro.
João Carlos Gonçalves (Juruna), secretário-geral da Força Sindical, reconheceu a baixa participação, mas ressaltou a importância de reagir às críticas do governo dos EUA.
Principais Pontos da Reclamação dos EUA
- Serviços de pagamento eletrônico: Acusa o Brasil de favorecer seus próprios serviços, como o Pix, prejudicando concorrentes americanos.
- Responsabilidade das redes sociais: Alega que o Supremo Tribunal Federal do Brasil obriga as empresas a removerem conteúdo sem ordem judicial, o que pode causar prejuízo econômico.
- Censura supostamente ordenada por tribunais e restrições à transferência de dados pessoais para fora do Brasil.
- Tarifas comerciais: O Brasil teria reduzido tarifas para alguns países, mas aplicado tarifas mais altas para os EUA, prejudicando suas exportações.
- Aplicação da Lei Anticorrupção enfraquecida, com acordos que poderiam favorecer interesses locais em detrimento de empresas americanas.
- Proteção da propriedade intelectual: falhas em combater pirataria, falsificação e importação de produtos ilegais, além da demora na concessão de patentes.
- Acesso ao etanol: o Brasil abandonou impostos baixos e recíprocos para essa mercadoria, impondo tarifas elevadas que dificultam o comércio.
- Desmatamento ilegal e exploração madeireira: falta de fiscalização e corrupção permitem vantagens desleais para produtos brasileiros no mercado dos EUA.
Esses pontos são a base das críticas e do protesto que buscou chamar a atenção para o impacto das políticas brasileiras e americanas sobre o comércio bilateral.