VITOR HUGO BATISTA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Em 2024, o câncer na próstata tirou a vida de 48 homens todos os dias no Brasil, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), totalizando 17.587 mortes naquele ano. Apesar disso, a doença pode ser curada se for descoberta cedo, afirmam os especialistas. Essas informações vêm do Ministério da Saúde.
Entre 2015 e 2024, as mortes por este câncer aumentaram 21%, subindo de 14,9 mil para 17,5 mil mortes. No total, o país perdeu mais de 159 mil vidas por causa dessa doença na última década. A região Centro-Oeste teve o maior aumento (26,1%), seguida pelo Sul (24,1%), Sudeste (21%), Nordeste (19,7%) e Norte (19,5%).
Embora seja o segundo tipo de tumor mais comum nos homens, após o câncer de pele que não é melanoma, o câncer de próstata ainda é rodeado de preconceitos, o que faz muitos homens evitarem o médico.
“Ainda existe um certo tabu sobre o exame de toque retal, que não é confortável, mas é simples, barato e muito importante para detectar a doença”, explica Marco Arap, urologista do Hospital Sírio-Libanês.
Segundo Arap, quando o exame do PSA (Antígeno Prostático Específico) está normal ou estável, o toque retal pode ajudar a garantir um diagnóstico mais preciso.
Outros exames são usados para investigar o câncer de próstata, especialmente a ressonância magnética, que examina não só a parte externa da próstata, mas também as áreas próximas.
“A ressonância é um exame muito sensível e específico, mas caro. Por isso, não substitui o toque retal para todos. É recomendada quando o PSA ou o toque indicam alguma alteração, para decidir se é necessário fazer uma biópsia”, afirma Arap.
Como o câncer de próstata não apresenta sintomas no começo, exames regulares são essenciais para detectar a doença. O rastreamento deve começar aos 50 anos, ou aos 45 se houver fatores de risco, como histórico familiar, obesidade ou ser negro — grupo com risco duas vezes maior e mais mortes pela doença.
“O câncer de próstata é silencioso e não mostra sintomas no início. Muitos só descobrem quando a doença já está avançada, com chances de cura muito menores. Prevenir é um ato de responsabilidade”, destaca Luiz Otávio Torres, presidente da SBU.
Em fases avançadas, o câncer pode causar dificuldade para urinar, jato urinário fraco ou interrompido, sensação de urina retida na bexiga, sangramentos e dores nas costas, especialmente se o ureter estiver bloqueado. Se o câncer se espalhar para outros órgãos, pode causar dores fortes nos ossos, perda de peso e anemia.
Estes sintomas não significam necessariamente câncer, pois podem ser causados por outras condições comuns como infecções urinárias, pedras nos rins ou aumento benigno da próstata.
“Se notar esses sinais, o paciente deve procurar um médico. Mesmo que não sejam graves, precisam ser investigados e tratados, desde uma infecção até um tumor”, alerta Arap.
Além disso, nem todo câncer de próstata precisa de tratamento imediato. Em muitos casos, especialmente os de baixo risco que crescem devagar, o recomendado é a vigilância ativa, que é o acompanhamento cuidadoso sem tratamento imediato.
“Às vezes o tumor cresce tão lentamente que o tratamento pode ser mais agressivo do que a própria doença. Nesses casos, o paciente faz parte do protocolo de vigilância ativa”, explica Arap.
“O risco é o paciente deixar de fazer o acompanhamento ou o tumor se tornar agressivo rápido, o que pode fazer perder a chance de cura.”
