O programa Brasil.IA, criado pelo Governo do Distrito Federal (GDF) através da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), está levando educação em tecnologia e inclusão digital para várias áreas do DF. Com um investimento de R$ 13 milhões, o projeto facilita o acesso ao aprendizado e formação em tecnologia. Atualmente, as unidades móveis estão em Água Quente, Santa Maria, Brazlândia e Ceilândia, proporcionando cursos gratuitos sobre Inteligência Artificial, criação de jogos, Internet das Coisas (IoT) e Big Data, aproximando a inovação das comunidades.
São 490 estudantes participando desta fase, que dura 20 dias, com aulas de segunda a sexta, nos períodos da manhã e tarde. O objetivo do GDF é realizar sete sessões de formação até o fim de 2025, cobrindo 28 regiões administrativas. As unidades móveis são equipadas com computadores, materiais didáticos, ar-condicionado, internet rápida e acessibilidade, oferecendo um ambiente moderno e inclusivo para todos. O financiamento do projeto vem da Fonte 100, recursos que o governo pode usar para diversas despesas.
“O Brasil.IA surgiu para preparar pessoas para um mercado que já existe”, destaca o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Rafael Vitorino. “Existem empresas de tecnologia em Brasília com dificuldade para contratar por falta de profissionais qualificados. O projeto visa ligar a formação ao setor produtivo, promovendo inclusão e emprego”, explica.
Além das aulas práticas e certificados, o programa encaminha alunos para estágios e empregos em parceria com o setor privado. Para muitos, o impacto é maior: “Alguns alunos nunca tiveram acesso à internet ou computador antes”, lembra o secretário. “Agora, eles veem novas oportunidades de estudo, trabalho e cidadania.”
Carreta tecnológica em Água Quente
Água Quente é uma das mais recentes regiões administrativas do DF, criada em dezembro de 2022. A unidade móvel está instalada em frente à administração regional, perto da DF-280, com cerca de 100 alunos participando dos cursos. Entre eles, a dona de casa Laísa Léia de Souza Lima, 28 anos, que acompanhou o filho de 11 anos e acabou se inscrevendo também. “Fui inscrever meu filho e acabei me inscrevendo. O professor explica bem, facilitando muito. Já consigo criar imagens e vídeos usando IA. Parecia algo distante, mas agora entendo e aplico”, comemora.
O filho dela, José Daniel, aluno do curso de animação 2D, compartilha sua experiência: “Achei difícil no começo, mas animação é pura criatividade. Quero ser engenheiro de robótica e o curso me ajuda a planejar meus projetos no computador antes de fazer na vida real.”
Outro aluno, Daniel Davi Lucena Milhão, 11 anos, tem se destacado. Ele descobriu na Inteligência Artificial uma forma de transformar ideias em projetos reais. “A IA me ensina a pensar melhor. Antes pesquisava de qualquer jeito, agora sei fazer perguntas certas. Conversar com a máquina traz respostas que nos fazem evoluir”, conta.
Daniel usou o aprendizado para escrever um e-book sobre criptomoedas. “Queria entender o Bitcoin. A professora me mostrou como usar a IA para pesquisar e organizar ideias. Decidi escrever um e-book que explica de forma simples para quem nunca ouviu falar”, relata.
O trabalho surpreendeu os colegas. O e-book, criado com auxílio de ferramentas de IA, aborda conceitos básicos de finanças e tecnologia, servindo como exemplo de criatividade em sala de aula. “Gosto de aprender e ensinar. A tecnologia ajuda a entender o mundo. Quando entendemos, criamos, e criar muda a realidade”, diz Daniel.
A coordenadora pedagógica Natália Ribeiro Silva destaca que Daniel é um caso exemplar. “Ele não só domina o conteúdo, mas também reflete sobre o que aprende. Isso mostra o potencial do projeto: despertar consciência além da técnica”, comenta.
Para Natália, o impacto social do Brasil.IA vai além da formação técnica. “Temos alunos de 9 a 70 anos. Muitos chegam sem saber ligar um computador e saem criando projetos completos. Ver essa superação é o que torna o trabalho tão gratificante”, ressalta.
Serviço
Atualmente, as unidades móveis do Brasil.IA estão localizadas em:
- Água Quente: em frente à administração regional;
- Santa Maria: em frente à 33ª delegacia de polícia;
- Brazlândia: em frente ao CED 02;
- Ceilândia: ao lado da administração regional.
As inscrições são gratuitas e abertas a todos interessados.