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terça-feira, 11/11/2025




Programador acusado de facilitar descontos ilegais não responde na CPMI do INSS

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Igor Dias Delecrode é acusado de criar um software para burlar a biometria no INSS.

Mais uma audiência foi realizada na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, onde o empresário e programador Igor Dias Delecrode optou por não se manifestar. Ele não esclareceu a movimentação financeira de R$ 1,4 bilhão relacionada a empresas de tecnologia da informação.

Durante o depoimento ocorrido na segunda-feira (10), Delecrode permaneceu em silêncio ao ser questionado sobre as vulnerabilidades do sistema previdenciário que permitiram diversas fraudes contra aposentados e pensionistas. Também não comentou sobre o recebimento de R$ 15 milhões em menos de um ano.

Com 28 anos e sócio de empresas de TI, o programador é suspeito de desenvolver um programa que falsificava biometria facial e assinaturas digitais no INSS, dando uma falsa aparência de legalidade aos descontos indevidos.

Delecrode estava amparado por habeas corpus concedido pelo ministro do STF Gilmar Mendes, garantindo o direito de não responder perguntas que pudessem incriminá-lo e de não prestar compromisso de dizer a verdade. Seu advogado explicou que ainda não teve acesso aos autos dos processos, o que justifica o pedido ao tribunal.

No início, o depoente se limitou a dizer que reside em São Paulo, é formado em auditoria financeira, trabalha com prestação de serviços e realiza atividades de tecnologia como hobby.

Ao ser questionado pelo relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), Delecrode respondeu: “Respeitosamente, me manterei em silêncio”. O relator tinha 90 perguntas a serem feitas.

Enriquecimento ilícito

O relator enfatizou que Delecrode envolveu-se em fraudes que movimentaram mais de R$ 1,4 bilhão, agindo com ao menos nove entidades diferentes.

“Ele se tornou multimilionário, movimentando mais de R$ 15 milhões em menos de um ano com ferramentas criadas para extorquir aposentados e pensionistas. Essa impunidade é revoltante e um desrespeito ao povo brasileiro”, declarou Alfredo Gaspar.

Organização criminosa e sistema sofisticado

Delecrode é acusado de liderar uma organização criminosa dividida em pelo menos três núcleos, utilizando um sistema avançado de coleta de dados e autenticação que burlava a biometria facial com cópias de documentos pessoais. O esquema foi descoberto pela Controladoria-Geral da União (CGU).

Alfredo Gaspar afirmou: “Ele é o cérebro tecnológico da fraude, acumulando R$ 1,4 bilhão. Se o país fosse justo, ele estaria detido. Criou um grupo tecnológico com vários sistemas independentes de verificação de identidade.”

O deputado também apontou que, além do STF, membros da própria CPMI estariam dificultando a convocação de testemunhas, prejudicando as investigações.

“O silêncio do acusado desrespeita o povo brasileiro e evidencia uma Justiça desigual, onde os ricos têm benefícios que o cidadão comum não alcança”, acrescentou Gaspar.

Posicionamentos dos parlamentares

Paulo Pimenta (PT-RS) classificou Delecrode como um “milionário sem trabalho legítimo, responsável por fraudes em assinaturas digitais e biometria”.

O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), criticou a concessão do habeas corpus, ressaltando que o Congresso precisa recuperar sua autoridade para limitar os poderes de outras instituições.

O senador Rogério Marinho (PL-RN) mencionou uma “jurisprudência de exceções e falhas no funcionamento dos poderes”, enquanto o senador Izalci Lucas (PL-DF) sugeriu que a CPMI solicite ao ministro André Mendonça do STF a prisão preventiva dos envolvidos.

Prorrogação do prazo para ressarcimento

Paulo Pimenta comunicou no início da sessão que o prazo para pedidos de ressarcimento dos pensionistas prejudicados foi estendido de 14 de novembro de 2025 para 14 de fevereiro de 2026.

Até o momento, mais de 3 milhões de beneficiários receberam restituição que já ultrapassa R$ 2 bilhões.




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