O procurador-geral da África do Sul, Shaun Abrahams, anunciou nesta sexta-feira que acusa o ex-presidente Jacob Zuma de corrupção e outros crimes relacionados com um acordo de aquisição de armamento no final dos anos 90.
Abrahams explicou em entrevista coletiva em Pretória que levar o caso a “julgamento” é a via mais apropriada para abordar as acusações, e acrescentou que a decisão já foi comunicada ao próprio Zuma esta manhã.
“Estou consciente de que todos são iguais perante a lei e dispõem dos mesmos direitos. Após considerar o assunto, minha opinião é que há razoáveis perspectivas de uma acusação bem-sucedida contra o senhor Zuma”, disse o procurador-geral.
No total, as acusações listadas pela Procuradoria são 16: uma por formação de quadrilha, duas por corrupção, uma por lavagem de dinheiro e 12 por fraude.
As alegações são baseadas em cerca de 800 operações fraudulentas realizadas, supostamente, em relação a um acordo de armas milionárias assinado em 1990.
O procurador lembrou que esta causa tem por trás uma “interminável” história de litígios, com alta divulgação nos veículos de imprensa, e que despertou um forte “interesse e debate” na opinião pública.
O Congresso Nacional Africano (CNA) – que em fevereiro deste ano forçou a renúncia de Zuma devido ao seu envolvimento em vários escândalos – reafirmou hoje sua “confiança no sistema de justiça” e o respeito à “independência” dos tribunais.
Além disso, o CNA lembrou em uma nota de imprensa que o direito de todos os cidadãos, “inclusive do camarada Jacob Zuma”, à presunção de inocência deve ser assegurado até que sejam encontrados culpados.
A oposição, por sua vez, comemorou a notícia. “Isto é uma vitória de todos os que lutaram durante anos para que Zuma responda pelos seus crimes”, expressou o principal partido opositor, a Aliança Democrática, em comunicado.