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segunda-feira, 08/09/2025

Procuradoria acusa juiz e ex-assessor de Moraes por desvios em heranças esquecidas

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A Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo apresentou uma acusação contra o perito Eduardo Tagliaferro, que foi ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele é suspeito de envolvimento em desvios de grandes somas de dinheiro de heranças que ainda não foram partilhadas ou que pertencem a idosos com graves problemas de saúde.

O juiz Peter Eckschmiedt, da 2ª Vara Cível da Comarca de Itapevi, na Grande São Paulo, é apontado como líder desse esquema, sendo denunciado por peculato e organização criminosa. Outras 12 pessoas também estão sendo investigadas.

Eduardo Tagliaferro, que morava na Itália, já foi chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele afirma que o ministro Alexandre de Moraes cometeu irregularidades durante as investigações relacionadas ao evento do dia 8 de janeiro.

A defesa de Tagliaferro considera a denúncia uma tentativa injusta de silenciar alguém que tem muito a revelar.

O documento da denúncia, com 162 páginas, foi registrado no dia 8 de agosto e divulgado ao público em 3 de setembro. A Procuradoria aponta que o juiz Peter Eckschmiedt era peça chave no esquema criminoso, responsável por conduzir processos falsos para transferir dinheiro de heranças para contas judiciais controladas pelo grupo e, posteriormente, sacar esses valores.

Atualmente, o Ministério Público estadual, representado pelo procurador-geral Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, busca a perda do cargo do juiz Peter Eckschmiedt, que já havia sido aposentado compulsoriamente em maio do mesmo ano, com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço.

No ano anterior, em agosto, a residência do juiz em Jundiaí foi alvo de busca, onde foram encontrados R$ 1,7 milhão em dinheiro vivo escondidos no sótão da casa.

Plano criminoso

Segundo a Procuradoria, no início de 2023, o juiz Peter Eckschmiedt elaborou um plano para obter lucros ilegais desviando dinheiro de heranças que estavam sob sua responsabilidade jurídica, muitas delas pertencentes a idosos debilitados.

O esquema usava ações com documentos falsos para tomar posse dos valores dessas heranças, que eram enviadas à 2ª Vara Cível de Itapevi, liderada por Peter.

Eduardo Tagliaferro, na função de perito forense, teria participado das fraudes que visavam fundos e patrimônios abandonados.

Pagamentos ilegais

O escrevente técnico Luís Gustavo Cardoso era apontado como auxiliar direto do juiz e recebia pagamentos de R$ 1.500 toda vez que o grupo obtinha sucesso em suas operações fraudulentas. O juiz chamava essas transações de “presentinho” e enviava comprovantes ao assessor via WhatsApp.

Um dos casos destacados envolve um empresário que faleceu em maio de 2021 em Campinas, São Paulo. O grupo criminoso liderado por Peter Eckschmiedt descobriu que ele tinha valores guardados em contas bancárias que ainda não tinham sido partilhados.

Com essa informação, o juiz iniciou uma ação fraudulenta no valor de R$ 95 milhões, com documentos falsos indicando a construtora como parte interessada no processo.

Posição da defesa de Tagliaferro

A defesa de Eduardo Tagliaferro afirmou que a denúncia é sem fundamento e que ele nunca foi ouvido oficialmente na polícia a respeito dos fatos. Eles alegam que a acusação é uma perseguição e uma tentativa de silenciar alguém que poderia esclarecer os fatos.

Confiando na justiça, a defesa acredita que a verdade será esclarecida pelo Tribunal de Justiça paulista.

Estadão Conteúdo

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