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sexta-feira, 22/11/2024
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Principal navio da Rússia no Mar Negro sofre sérios danos após explosão

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No momento em que as tropas russas tentam tomar o porto estratégico de Mariupol, para estender sua ofensiva no sul e leste da Ucrânia, o navio “Moskva” sofreu danos significativos
O navio russo Moskva, em julho de 2011 perto de Sebastopol na Crimeia (AFP/AFP)

A Rússia sofreu nesta quinta-feira (14) uma das mais importantes perdas materiais desde o início da guerra, com a invasão da Ucrânia, quando o navio “Moskva”, carro-chefe da frota de Moscou no Mar Negro, foi “gravemente danificado” por uma explosão que Moscou atribui a uma detonação de munição a bordo e Kiev a um ataque com mísseis.

No momento em que as tropas russas tentam tomar o porto estratégico de Mariupol, no Mar de Azov, para estender sua ofensiva no sul e leste da Ucrânia, o navio “Moskva” sofreu danos significativos, segundo o Ministério da Defesa russo, citao pelas agências estatais Ria Novosti e Tass.

“Devido a um incêndio algumas munições que explodiram a bordo” e a tripulação foi retirada do navio, segundo essas fontes, que explicaram que há uma investigação em andamento.

As autoridades ucranianas alegaram, no entanto, que o “Moskva” foi atingido por mísseis.

“Mísseis Neptune que protegem o Mar Negro causaram danos significativos a este navio russo”, segundo o governador de Odessa, Maxim Marchenko.

Um conselheiro do presidente ucraniano, Oleksiy Arestovich, confirmou no YouTube que “o carro-chefe da frota russa no Mar Negro teve uma surpresa”.

Agora “queima forte. Agora mesmo. E com estes mares tempestuosos não se sabe quando poderão receber ajuda”, assegurou numa transmissão em que afirmou que havia 510 tripulantes a bordo no momento do ataque.

“Moskva” iniciou suas operações na era soviética em 1983 e participou da intervenção russa na Síria a partir de 2015.

O navio ganhou notoriedade no início da guerra quando participou de um ataque à Ilha das Serpentes, na fronteira romena, no qual 19 marinheiros ucranianos foram capturados e trocados por prisioneiros russos.

Ucrânia reinicia evacuações

Em Donbass, no leste da Ucrânia, as autoridades disseram que vão retomar a retirada de civis, depois de suspendê-los porque Kiev os considerou muito “perigosos”.

“Os corredores humanitários na região de Luhansk funcionarão com a condição de que o bombardeio das forças de ocupação pare”, disse Vereshchuk.

As autoridades ucranianas instaram a população da região a se retirar para o oeste por medo de uma ofensiva em larga escala da Rússia, que aspira controlar esta região, onde as autoproclamadas “repúblicas” separatistas pró-Rússia de Donetsk e Luhansk estão em confrontos com tropas de Kiev desde 2014.

“Não há eletricidade ou água”, diz Maria, de Severodonetsk, a cidade mais ao leste ainda sob o controle do exército ucraniano.

“Mas eu prefiro ficar aqui, na minha casa. Se sairmos, para onde iremos? Quem sai recebe atendimento por dois ou três dias e depois nada”, diz essa mulher que decidiu ficar nesta cidade deserta, junto com o marido, o filho de seis anos e a sogra.

Em Washington, o presidente dos EUA, Joe Biden, prometeu na quarta-feira uma nova entrega de ajuda militar de 800 milhões de dólares.

Até agora, os Estados Unidos hesitaram em entregar equipamentos pesados à Ucrânia por medo de agravar ainda mais as tensões com Moscou e serem considerados parte do conflito.

Biden prometeu “fornecer à Ucrânia capacidades para se defender” em uma ligação de uma hora com seu colega ucraniano, Volodimir Zelensky.

Este pacote inclui artilharia de última geração, como metralhadoras M777 Howitzer, 40.000 obuses, 300 drones “kamkaze”, 500 mísseis antitanque Javelin, radares antiartilharia e antiaéreos, 200 veículos blindados e 100 blindados leves , segundo a Casa Branca.

Ameaça sobre Kiev

Esta renovação do equipamento de Kiev coincide com a ameaça lançada por Moscou de atacar Kiev, depois de o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, ter denunciado “tentativas de sabotagem e bombardeamentos das forças ucranianas contra posições no território da Federação Russa “.

“Se esses eventos continuarem, o exército russo atacará centros de tomada de decisão, também em Kiev”, acrescentou o porta-voz.

As forças russas se retiraram dos arredores de Kiev em meados de março, depois de tentar em vão por um mês cercar a capital ucraniana. Enquanto isso, no sul, as autoridades locais anunciaram que a área do porto comercial de Mariupol foi tomada pelos russos.

A conquista de Mariupol seria uma vitória importante para os russos, pois permitiria consolidar sua posição no mar de Azov, ligando as áreas de Donbass controladas por separatistas pró-russos no leste, com a península da Crimeia, que Moscou anexou em 2014.

Vários especialistas acreditam que a queda da cidade é inevitável, mas os militares ucranianos não desistiram e agora os combates estão concentrados na zona industrial da cidade.

Labirinto

A resistência do exército ucraniano se concentra agora no vasto complexo metalúrgico de Azovstal.

A presença dos militares ucranianos neste labirinto de túneis subterrâneos sugere que as forças de Kiev vão oferecer uma resistência tenaz antes de desistir da cidade, que dizem já estar 90% destruída.

Os jornalistas da AFP que conseguiram entrar na cidade junto às forças russas viram as ruínas carbonizadas de Mariupol.

Desde o início da semana correm rumores, até agora não confirmados, do uso de armas químicas por soldados russos nesta cidade, rejeitados por Moscou.

Analistas acreditam que o presidente russo Vladimir Putin, diante da feroz resistência ucraniana, quer garantir uma vitória no leste antes do desfile militar de 9 de maio na Praça Vermelha, que comemora a vitória soviética contra os nazistas em 1945.

Na quarta-feira o procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI), o britânico Karim Khan, disse que a Ucrânia é uma “cena de crime”.

“Estamos aqui porque temos boas razões para acreditar que crimes dentro da jurisdição do Tribunal estão sendo cometidos”, disse Khan.

O magistrado visitou a cidade de Bucha, que se tornou um símbolo das atrocidades do conflito onde dezenas de corpos foram encontrados no final de março.

A Ucrânia atribui a morte de mais de 400 civis aos soldados que ocuparam a cidade, uma versão negada pelo Kremlin.

 

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