Sanae Takaichi, uma nacionalista conservadora, tornou-se a primeira mulher a assumir o cargo de primeira-ministra do Japão na terça-feira, 21 de outubro, após vencer a votação parlamentar. Ela foi eleita líder do Partido Liberal Democrático (PLD) no início do mês e, posteriormente, conquistou 237 dos 465 votos na Câmara dos Deputados, garantindo o cargo com uma pequena margem sobre o necessário.
Na esperança de liderar o Japão em um momento de instabilidade política, já que será a quinta chefe do Executivo em cinco anos, Takaichi também enfrenta desafios econômicos e sociais complexos. A nova premiê é uma admiradora de Margaret Thatcher e esteve envolvida na política desde 1993, tendo ocupado vários cargos importantes, incluindo ministra da segurança econômica e igualdade de gênero.
Conhecida por seu conservadorismo, ela apoia políticas como o fortalecimento das forças armadas, a promoção da fusão nuclear e um controle mais rígido da imigração. Em sua trajetória, também foi baterista de uma banda de heavy metal, e se descreve como uma workaholic determinada a se dedicar intensamente ao trabalho.
Embora tenha prometido formar um gabinete com maior presença feminina, apelidando o projeto de “escandinavo”, Takaichi nomeou apenas duas mulheres para cargos ministeriais em um time de 19 ministros, refletindo a baixa participação feminina na política japonesa. O Japão ocupa a 118ª posição de 148 países no índice de igualdade de gênero do Fórum Econômico Mundial, com apenas 15% das cadeiras da câmara baixa ocupadas por mulheres.
Na política externa, Takaichi tem uma postura complexa: é crítica da China, mas recentemente adotou uma abordagem mais cautelosa e mantém apoio a Taiwan. Seu histórico inclui visitas a locais controversos como o santuário Yasukuni, embora tenha sido ausente em eventos recentes e mostre sinais de ponderação diplomática.
Quanto à economia, ela defende o aumento dos gastos públicos para revitalizar o crescimento, seguindo o legado do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe. Sua vitória trouxe otimismo ao mercado financeiro, mas o Japão enfrenta obstáculos ligados ao envelhecimento da população e à recuperação econômica pós-pandemia.
A primeira-ministra manifesta apoio a políticas que promovam a saúde das mulheres, incluindo tratamentos de fertilidade, apesar de manter visões tradicionais sobre a sucessão imperial e o casamento, e criticar mudanças como o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Enquanto a comunidade internacional observa, Sanae Takaichi inicia sua gestão com um compromisso forte com a agenda nacionalista e conservadora, diante de desafios internos e externos significativos para o Japão.