O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que a utilização irregular da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para impedir eleitores de chegarem aos locais de votação é um fato evidente que dispensa provas, pois foi uma ação clara contra a democracia.
“Esse fato é tão evidente que não precisa de comprovação, foi uma afronta tão grande à democracia que não houve vergonha na execução da ação. Centenas de pessoas, e a ministra Cármen Lúcia pode confirmar pois estava comigo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), postavam vídeos mostrando que estavam sendo impedidas pela PRF de ir votar”, disse o ministro.
De acordo com Moraes, a sequência dos acontecimentos revela o desespero e a total gravidade dessa organização criminosa. Ele citou várias conversas, reuniões e trocas de informações que comprovam que houve coordenação e determinação do então ministro da Justiça, Anderson Torres, para criar relatórios sobre os lugares onde Luiz Inácio Lula da Silva teve maior votação no primeiro turno das eleições de 2022.
“A PRF, com base nessas informações, modificou sua programação de policiamento focando os municípios e estradas do Nordeste, região onde Lula teve melhor votação no primeiro turno”, explicou.
“Eu determinei que a PRF não poderia realizar esta operação específica pois já demonstrava um viés ilegal. Mesmo assim, a PRF tentou disfarçar dizendo que não faria a operação, mas no dia realizou uma suposta ação para verificar as condições dos veículos. Nos municípios nordestinos, veículos eram parados para inspeção de pneus, chassis e bancos, impedindo eleitores de chegar aos locais de votação”, detalhou Moraes, mencionando que até o senador Otto Alencar (PSD-BA) foi barrado pela ação da PRF no segundo turno.