JULIA CHAIB, WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS)
Durante 2024, houve um esforço para impedir que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, entrasse nos Estados Unidos, esforço que ganhou força com a posse de Donald Trump em janeiro deste ano.
Na última sexta-feira (18), o secretário de Estado americano, Marco Rubio, suspendeu o visto de Moraes.
Após a eleição de Trump em novembro de 2023, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) declarou que a vitória do republicano aumentava as chances de impedir viagens de Moraes aos EUA.
Eduardo Bolsonaro esteve nos EUA e participou de um jantar com Trump para acompanhar os resultados eleitorais. Na época, já existia no Congresso americano uma lei para cancelar vistos de autoridades que violassem a “liberdade de expressão”. Eduardo Bolsonaro acreditava que essa medida poderia ser usada contra Moraes.
Em setembro de 2024, quatro deputados e um senador republicanos pediram formalmente que o visto de Moraes e de outros dez ministros do STF fosse cancelado.
Com a posse de Trump, a pressão ganhou força. Dias antes da posse, Eduardo Bolsonaro confirmou que o risco do visto de Moraes ser revogado era real e declarou que agiria junto às autoridades americanas.
O apoio veio também do ex-estrategista de Trump, Steve Bannon, que prometeu pedir sanções duras contra o Brasil e contra Moraes.
Embora Bannon e Trump tenham se afastado, Bannon ainda é líder do movimento MAGA e tem influência em Washington.
Em janeiro, Eduardo Bolsonaro e o ex-apresentador Paulo Figueiredo começaram a pressionar por sanções, incluindo a aplicação da Lei Magnitsky a Moraes, o que permitiria o congelamento de bens do ministro nos EUA. Esse processo está em avaliação na Casa Branca.
Entre janeiro e março, Eduardo Bolsonaro visitou os EUA quatro vezes para encontros com integrantes do governo americano e afirmou estar “batendo de porta em porta” para tentar sensibilizar as autoridades.
Com o apoio de Bannon e do ex-assessor Jason Miller, o grupo argumenta que o Brasil está sob uma atuação autoritária do Supremo e que a ação contra Moraes poderia enfraquecer sua posição, influenciando julgamentos futuros, embora o STF negue essa possibilidade.
Em maio, o Departamento de Estado restringiu a entrada nos EUA de estrangeiros que censuram empresas ou cidadãos americanos. Bolsonaristas acreditam que a medida atingirá Moraes e outros ministros do Supremo.
No mesmo mês, Marco Rubio declarou haver uma grande possibilidade de sancionar Moraes.
Desde então, Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo intensificaram a pressão em Washington, especialmente com a aproximação do julgamento de Bolsonaro, previsto para agosto ou setembro.
Na semana passada, Trump apoiou Bolsonaro e ameaçou o Brasil com tarifas extras de 50%.
Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo voltaram a Washington esta semana pedindo novas medidas. A decisão recente de Moraes que exigiu o uso de tornozeleira eletrônica pelo ex-presidente foi o estopim para a sanção explícita contra ele.
Espera-se que novas medidas sejam anunciadas nas próximas semanas.