CAROLINA FARIA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Nos meses em que ocorrem o Enem e os principais vestibulares, que estão agora na sua segunda etapa, a rotina dos estudantes se torna muito intensa, causando cansaço tanto físico quanto emocional. A pressão por bons resultados, o medo de não conseguir e a ansiedade criam uma situação que pode levar ao esgotamento, que em casos graves pode virar burnout, um estado de exaustão causado por estresse prolongado.
Antes de chegar a esse ponto, muitos jovens já mostram claros sinais de sobrecarga, como ansiedade constante, irritação, dificuldade para se concentrar, fadiga contínua, sensação de não dar conta e problemas para dormir. Em um período cheio de expectativas e comparações, falar sobre saúde mental se tornou essencial.
Diante de pressões externas e expectativas pessoais, algumas escolas consultadas pela Folha de S.Paulo adotaram formas diferentes para aliviar o peso dessa fase difícil. Os coordenadores dão conselhos para alunos e professores, com o objetivo de evitar que o caminho até a universidade cause adoecimento.
Ana Bergamin, coordenadora pedagógica do Colégio Vera Cruz, em São Paulo, reconhece a dificuldade do momento. “O calendário dos vestibulares é muito exigente”. Ela acredita que o papel da escola é proteger a autoestima dos estudantes. “É muito prejudicial fazer provas tão importantes em uma sociedade que só fala em sucesso o tempo todo. Precisamos garantir que eles acreditem que conseguem.”
A escola também reforça o acompanhamento psicológico e atenção dos professores para identificar sinais de esgotamento, que podem se agravar rapidamente.
Em algumas instituições, a solução foi desacelerar. O Centro Educacional Pioneiro, na zona sul de São Paulo, criou o projeto “Respira, Terceirão!”, que ajuda a controlar as emoções e voltar o foco dos estudantes. “Neste momento do ano, o que mais ajuda é cuidar do bem-estar. Quando o aluno está calmo e centrado, ele se sai melhor”, explica Mario Fioranelli, diretor pedagógico do ensino fundamental e médio.
A programação inclui oficinas de percussão, rodas de conversa, pintura de espaços da escola e até futebol de sabão — ideia dos próprios alunos. A proposta mostra que serenidade e atenção são essenciais para um bom desempenho. “Eles já estudaram o ano todo. Agora é hora de cuidar da mente para que o corpo acompanhe”, afirma Fioranelli.
Para o coordenador do ensino médio André Rebelo, do Colégio Vital Brasil, o estresse e o medo antes das provas são normais. O desafio é saber administrar essas emoções. Ele recomenda que os estudantes mantenham em mente o curso e a universidade desejados e lembra que “cada prova é uma prova”.
O Colégio Vital Brasil oferece disciplinas como Projeto de Vida e Orientação Profissional, além de promover atividades para aliviar o estresse, como o “Sarau do Enem” e a “Pizzada da Fuvest”.
O que fazer
Miriam Guimarães, coordenadora de Orientação Educacional do Colégio Dante Alighieri, sugere dez dicas para quem fará vestibular:
- Estabeleça uma rotina de estudos bem organizada, separando o tempo e o local para estudar e para descansar. Se possível, mantenha o material de estudo fora do quarto;
- Converse com pessoas da sua rede de apoio, como amigos e familiares que não façam cobranças, para aliviar o estresse;
- Participe de atividades em grupo, como esportes, para distrair a mente;
- Use técnicas de relaxamento e respiração para momentos de ansiedade;
- Evite comparar seu desempenho com o dos colegas;
- Desligue o celular e as telas pelo menos duas horas antes de dormir para reduzir estímulos visuais;
- Mantenha uma rotina de sono, indo dormir sempre no mesmo horário para ajudar o corpo a descansar;
- Evite substâncias estimulantes, pois os efeitos podem prejudicar seu desempenho;
- Reconheça suas conquistas e valorize seu esforço até o momento;
- Entenda que há coisas que não podemos controlar, por isso foque no que depende de você.

