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segunda-feira, 03/03/2025

Preso há 3 anos no Brasil, chefe do PCC na Europa tenta sair da cadeia

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Criminoso conhecido como BH coordenava do litoral paulista as relações internacionais do PCC com membros atuantes na Espanha

Reprodução/MPSP

São Paulo — Considerado uma importante liderança do Primeiro Comando da Capital (PCC) nas conexões com a Europa, Paulo Afonso Pereira Alves, conhecido no mundo do crime como BH ou Hugo, tenta sair da cadeia, onde está há pouco mais de três anos, por meio de reiterados pedidos de sua defesa. Até o início deste ano, todos foram indeferidos pela Justiça.

O criminoso foi preso em 7 de dezembro de 2021, no âmbito da Operação Solis, do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP). A operação foi deflagrada para aprofundar investigações sobre o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro do PCC.

BH e quatro parceiros de facção foram presos em Vila Velha, no Espírito Santo, e trazidos para o sistema penitenciário de São Paulo. Com a quebra do sigilo telemático dos celulares apreendidos com o grupo, foi possível constatar como a maior facção criminosa do Brasil se organiza em outros países.

Os criminosos agiam em parceria com outros membros da organização no interior e litoral paulista, além de manter braços em Vila Velha e Guarapari, também no Espírito Santo.

Na ocasião de suas prisões, também foi apreendida uma quantidade significativa de pasta-base de cocaína, que seria destinada à Europa. A droga estava avaliada, de forma conservadora, em quase R$ 9 milhões, o que poderia render 10 vezes mais caso chegasse ao seu destino.

Denúncia do Gaeco obtido pela reportagem aponta que BH, em decorrência “dos bons préstimos” ao PCC — como consolidar e ampliar a criminalidade organizada e por seguir “fielmente” o “estatuto do crime” — teve sua dedicação reconhecida: ele foi nomeado para a “proeminente função” de Sintonia Geral da Rua na Espanha.

As sintonias, no PCC, são como departamentos de uma empresa, desenvolvidas quando Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, ganhou o status de líder máximo da facção, no início dos anos 2000.

Cadastro da facção
BH foi batizado no PCC em 16 de fevereiro de 2021, em Santos, no litoral paulista. Desde então, se dedicou ao “bom funcionamento e expansão da engrenagem criminosa” na qual foi colocado. Em 26 de outubro de 2021, estando há pouco mais de sete meses na facção, BH já coordenava do litoral paulista a expansão e organização do PCC na Espanha.

Autorizadas pela Justiça, interceptações de diálogos com um criminoso, identificado somente como Sonic, ajudaram os investigadores a compreender a atuação de BH. Para o interlocutor, BH apresentou anotações com o “levantamento do país da Espanha”. Já para outro criminoso, identificado como Odin, ele encaminhou “o nome dos irmãos [como são chamados os membros do PCC] da Espanha”.

Na interceptação, os investigadores também se depararam com João, identificado como o responsável pela “Geral do Cadastro dos Países”. Em uma das conversas, João cobra empenho de BH “no fornecimento de dados atualizados de interesse da facção”, sobre os membros da Espanha, “para alimentar o cadastro” da organização criminosa no país europeu.

“Batismos”, estatuto e relações
As conversas no celular também mostram que, além da coordenação das relações internacionais do PCC, BH atuava na difusão de “salves” (mensagens enviadas pela cúpula da facção) sobre a necessidade de “batismos” de novos membros.

O criminoso atuou, ainda, para divulgar alterações no estatuto e cartilha disciplinar do PCC — conjunto de regras para os membros da facção, dentro e fora dos presídios. Acrescido a tudo isso, ele também ajudava na relação do PCC com facções aliadas.

A defesa de BH não foi localizada pela reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.

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