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quinta-feira, 26/06/2025




Presidente do Irã afirma que EUA não destruíram totalmente programa nuclear

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Igor Gielow
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O Líder Supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, fez uma declaração durante uma transmissão de TV na quinta-feira (26), sobre o conflito enfrentado contra Israel e os Estados Unidos, afirmando que os americanos atacaram algumas instalações nucleares do país, mas que o dano foi limitado.

Essa afirmação, sem provas apresentadas, traz dúvidas sobre as especulações em torno da missão militar dos EUA, que enviou sete bombardeiros stealth B-2 em uma operação de 37 horas para bombardear duas usinas nucleares iranianas, enquanto uma terceira foi atacada por mísseis lançados de um submarino.

A extensão do estrago no programa nuclear iraniano é tema de grande discussão nos Estados Unidos, sendo esta a principal justificativa para o ataque israelense que deu início ao conflito no dia 13. O presidente Donald Trump e o secretário de Defesa, Pete Hegseth, afirmam que as instalações foram completamente destruídas e que o programa, que permitiria ao Irã fabricar armas atômicas se desejasse, foi efetivamente neutralizado.

Entretanto, o chefe do Estado-Maior Conjunto, Dan Caine, e a oposição democrática no Congresso americano manifestam dúvidas e pretendem investigar mais a fundo a motivação da intervenção americana na guerra.

Um relatório preliminar da Agência de Inteligência de Defesa sugere que o programa pode ter sido atrasado em meses, e não anos como alguns afirmam. Trump desconsiderou essa hipótese, porém admitiu que as informações ainda são inconclusivas.

Posteriormente, apoiado por novos dados mencionados pela diretora de Segurança Nacional, Tulsi Gabbard, e pelo diretor da CIA, John Ratcliffe, o presidente voltou a afirmar que o programa foi severamente danificado, indicando que as usinas de Fordow, Natanz e Isfahan foram destruídas, e que a reconstrução levaria anos.

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, comemorou que o conflito comprometeu severamente o programa nuclear iraniano, mas seu chefe do Estado-Maior, Eyal Zamir, adotou um tom mais cauteloso, afirmando que as operações atrasaram em anos a capacidade nuclear do Irã, porém não a eliminaram.

Na realidade, a situação exata permanece incerta. A Agência Internacional de Energia Atômica declarou que é impossível fazer uma avaliação definitiva sem inspeções presenciais, o que, devido à tensão existente com Teerã por causa das acusações de descumprimento dos acordos de transparência, ainda não ocorreu.

Khamenei não apresentou evidências concretas. O Irã já havia informado que os 400 kg de urânio enriquecido em níveis próximos aos necessários para bombas estavam protegidos. Além disso, o país afirmou ter transferido alguns equipamentos das instalações atacadas, o que, se verdadeiro, indica que o processo de enriquecimento poderia continuar em outras localidades.

Assim como Trump e Netanyahu, o líder supremo iraniano declarou vitória na disputa contra seus adversários. Afirmou que os EUA entraram no conflito porque acreditavam que Israel poderia ser derrotado, uma avaliação contestável dada a diminuição significativa da capacidade iraniana.

Khamenei advertiu que qualquer nova agressão teria um alto preço, celebrando o ataque de retaliação realizado na segunda-feira (23), quando foguetes foram lançados contra a base americana de Al-Udeid, em Doha, embora o Irã tenha alertado os EUA e o Qatar antes do ataque, permitindo a evacuação do local.

Essa dinâmica permitiu que ambos os lados saíssem do conflito declarando-se vencedores. As razões fundamentais por trás do conflito permanecem as mesmas: dúvidas sobre a capacidade do Irã em desenvolver uma bomba atômica e o antagonismo profundo do regime contra Israel.

Apesar das declarações de Khamenei, parece claro que houve danos significativos nas usinas, como a própria mídia estatal iraniana já reconheceu. O debate agora gira em torno da dimensão exata desse prejuízo.

Internamente, a teocracia iraniana mostra seu lado autoritário. Desde o fim das hostilidades, na terça-feira (24), 26 pessoas foram detidas e 3 executadas sob acusações de espionagem para Israel. A oposição local permanece sob forte pressão e dividida.




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