O chanceler federal da Alemanha, Friedrich Merz, foi acusado de racismo após associar imigrantes a um “problema da paisagem urbana”. A declaração gerou críticas tanto dentro do seu próprio partido quanto dos sociais-democratas, seus parceiros de coalizão.
Em um evento no estado de Brandemburgo, no leste da Alemanha, Merz respondeu a uma pergunta sobre sua abordagem diante do crescimento da Alternativa para a Alemanha (AfD), citando uma redução de 60% nos pedidos de refúgio em agosto em comparação ao ano anterior.
A polêmica se intensificou porque a frase questionada não consta na transcrição oficial do discurso, o que levou um porta-voz a justificar que Merz falou como líder partidário e não como chanceler.
Reações internas e críticas
Rasha Nasr, porta-voz do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) para migração, acusou o chanceler de fomentar a divisão com essas declarações, descrevendo-as como “colocar lenha na fogueira”.
O prefeito de Berlim, Kai Wegner, também membro do mesmo partido de Merz, distanciou-se das declarações, ressaltando que a diversidade da paisagem urbana berlinense não pode ser justificada por nacionalidades específicas, ainda que existam problemas de criminalidade.
Críticas de partidos de oposição
Políticos do partido Verde classificaram as palavras do chanceler como racistas, discriminatórias e inaceitáveis em uma carta aberta. Eles ressaltaram que Merz estaria usando uma retórica similar à extrema direita ao rotular cidadãos de origem estrangeira como estrangeiros permanentes.
A líder do grupo do Partido Verde, Katharina Dröge, questionou no Bundestag onde estaria o verdadeiro problema além da cor da pele das pessoas.
Ferat Kocak, deputado do partido A Esquerda, denunciou o discurso do chanceler como uma demonstração explícita e incendiária de racismo.
Posição da AfD
A Alternativa para a Alemanha (AfD), partido de ultradireita e principal oposição, apoiou amplamente as declarações de Merz nas redes sociais, compartilhando imagens que associam espaços urbanos problemáticos a imigrantes, contrapondo-os a imagens idealizadas de alemães de origem local.
O episódio ampliou o debate político sobre imigração e diversidade, evidenciando tensões dentro da coalizão governamental alemã e nas forças políticas do país.