VICTORIA DAMASCENO
PEQUIM, None (FOLHAPRESS)
Em empresas brasileiras que enviam produtos para a China, as mulheres representam cerca de 29% dos empregados, enquanto nas que compram da China esse número é um pouco maior, chegando a 34,4%, segundo estudo feito pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) junto com o Ministério do Desenvolvimento em 2022.
Apenas 16,5% das empresas que exportam para a China têm mais mulheres do que homens entre os funcionários, e 27,3% das que importam possuem maioria feminina. No total, essas mulheres representam cerca de 2,5 milhões de trabalhadores, sendo mais comuns em empresas que compram da China (1,9 milhão) do que nas que vendem para o país (608 mil).
Desde 2008, o ano de 2022 marcou o maior número de mulheres trabalhando nas exportações para a China, com um aumento de 5,1 pontos percentuais. Já nas importações, o pico ocorreu em 2015, com um crescimento de 4,5 pontos percentuais ao longo de 14 anos.
Uma das razões para a baixa presença feminina nas exportadoras está no tipo de negócios que essas empresas realizam, como a venda de produtos agrícolas e minerais, áreas que geralmente têm poucos funcionários mulheres.
Por outro lado, as importadoras são mais variadas e incluem comércio, varejo, distribuição e logística, o que gera mais oportunidades para mulheres.
Além de serem minoria, as mulheres ganham em média cerca de 30% menos que os homens. Em 2022, a remuneração média de mulheres nas exportações foi de R$ 3.854,31, um pouco acima dos R$ 3.522,74 recebidos pelas que atuam nas importações da China.
Essa desigualdade salarial é maior do que a média do Brasil, onde mulheres recebem em média 20,9% menos que homens, segundo o Relatório de Transparência Salarial do Ministério do Trabalho e Emprego de 2024. Caso houvesse igualdade salarial, a economia brasileira poderia receber um aporte de 95 bilhões de reais.
O estudo destaca que as exportações são setores que pagam melhor para as trabalhadoras devido a políticas estruturadas de grandes empresas, enquanto nas importações os salários são menores, pois as funções exigem menos qualificação.
O aumento da igualdade salarial nas exportações para a China foi menor em comparação a outros parceiros comerciais, com crescimento de apenas 8,8 pontos percentuais, enquanto os Estados Unidos tiveram 12,4 e a União Europeia 11,7 pontos.
A participação de mulheres como sócias nas empresas brasileiras que transacionam com a China também é baixa, sendo 15,4% nas exportadoras e 21,2% nas importadoras, dados de 2024.
O estudo conclui que a baixa representação feminina se deve a desigualdades estruturais, pouca presença em cargos de liderança e menor valorização das profissões femininas.
Mesmo com alguns avanços, a presença das mulheres nas empresas ligadas ao comércio com a China ainda é limitada, o que reforça a necessidade de políticas públicas e empresariais para aumentar a igualdade de gênero no setor.
A China é o principal parceiro comercial do Brasil, sendo destino de 28% das exportações e origem de 24% das importações em 2024. A participação chinesa cresceu significativamente desde 2000, enquanto a dos Estados Unidos, União Europeia e Mercosul diminuiu.
Segundo o relatório, o sucesso das importações da China se deve à diversidade e variedade dos produtos importados, que permitiram que empresas de todos os tamanhos participassem do comércio.