O segundo turno, marcado para o dia 24 de abril, será uma reedição de 2017, quando os dois candidatos se enfrentaram nas urnas e Macron saiu vitorioso.
Mais uma vez o duelo entre o presidente francês Emmanuel Macron e a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, volta a preocupar a União Europeia.
Atualmente, a França está no comando da presidência rotativa da União Europeia e uma derrota de Le Pen, que é contra o bloco europeu e a Otan, não só reforçaria o apoio dos franceses à UE, como ajudaria a diminuir o fantasma da extrema-direita no continente.
A reeleição do primeiro-ministro húngaro, o ultranacionalista Viktor Orbán, para o seu quarto mandato consecutivo, na semana passada, foi um grande revés para Bruxelas. “Aderir ao populismo e à xenofobia, isso não é a França”, lembrou Macron após o resultado do primeiro turno.
“Ela prometeu um referendo para mudar a Constituição, a fim de restringir os direitos dos imigrantes e dos estrangeiros. Le Pen pretende priorizar os nativos sobre os não-nativos com moradia, emprego e saúde. Ela quer eliminar os direitos de nacionalidade para crianças nascidas e criadas na França de pais estrangeiros”, prossegue o jornal. “O fato de Le Pen estar agora mais perto do poder do que nunca é, em parte, resultado de sua própria reformulação da estratégia política.”
Vários deputados, de diferentes grupos políticos do Parlamento Europeu, pediram aos franceses para se mobilizar e barrar a extrema-direita na França.
Ameaça real
Marine Le Pen representa uma ameaça real para a União Europeia e Otan. Nas próximas duas semanas, até o segundo turno das eleições francesas, ambas instituições vão estar acompanhando de perto a reta final da campanha presidencial.
Bruxelas teme ver a França, um dos países fundadores e motor do bloco europeu, cair nas mãos da extrema-direita eurocética. Entre suas promessas, a líder do Reunião Nacional (RN) deixou claro seu desejo da França, a única potência nuclear da União Europeia, não mais participar da Otan, “para não ficarmos mais presos em conflitos que não são nossos”, declarou.
Apesar de Le Pen ter condenado a invasão da Rússia na Ucrânia, ela desfruta de ótimas relações com o Kremlin e, em 2014, recebeu um empréstimo de € 9 milhões de um banco russo para o seu partido. Nestas eleições, a família Le Pen – cujo pai Jean-Marie disputou e perdeu contra o então presidente Jacques Chirac em 2002 – nunca esteve tão perto do poder.Pesquisas de opinião acreditam que a disputa acirrada do segundo turno dificulta as previsões, mesmo com a vantagem mínima para o presidente Emmanuel Macron.