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segunda-feira, 25/11/2024
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Por que é que o Ocidente se cansou da Ucrânia?

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Segundo a analista Viktoria Nikiforova, entrevistada pela Sputnik, nas relações entre Washington e Kiev os períodos de entusiasmo são seguidos de períodos de incapacidade e frustração. Nestes momentos, os EUA começam a ver a Ucrânia como um fardo, enquanto a Ucrânia, por sua vez, começa a se esforçar para não perder o seu aliado principal.

© Kenzo Tribouillard
O primeiro episódio de cansaço da Ucrânia atingiu Washington ainda em maio. Uma data fatal estava se aproximando – 90 dias desde o início da operação especial. Os publicitários bem sabem que é praticamente impossível manter a atenção do público em relação a certo acontecimento mais de três meses.

“O cansaço da Ucrânia está aumentando”, constatou a popular revista norte-americana Newsweek.

A partir dessa data, Kiev passou a se preocupar. Zelensky prometeu mobilizar um milhão de ucranianos. A “contraofensiva ucraniana” foi promovida de forma abrangente. As Forças Armadas ucranianas seguiram bombardeando civis com nova força. Nesse contexto, surgiram novas tentativas de chamar atenção ao conflito ucraniano em meio aos bombardeamentos da usina nuclear de Zaporozhie, controlada pelas tropas russas, através dos disparos contra o depósito de resíduos atômicos. Tais passos por parte do regime de Kiev colocaram toda a Europa à beira de uma catástrofe nuclear, cujas dimensões podem ser maiores que as de Chernobyl.
Conforme a colunista, durante um certo período, a estratégia de Kiev foi bem-sucedida. Contudo, a prometida contraofensiva das tropas ucranianas não se realizou. Nesse contexto, o Ocidente, tendo mergulhado nos seus próprios problemas, de novo vira as costas à Ucrânia.

“Desligando a televisão: será que estamos cansados da guerra ucraniana na mídia?” – é esta a pergunta retórica do canal de televisão Euronews, que responde de forma positiva: sim, estamos cansados.

As edições ocidentais passaram a retirar da frente ucraniana os seus jornalistas e correspondentes, enquanto as notícias que não têm nada a ver com a Ucrânia (por exemplo, as discussões sobre o direito ao aborto nos EUA) substituíram o país nos principais cabeçalhos.
As razões de tal “resfriamento”, segundo Nikiforova, têm um caráter completamente objetivo. Por um lado, a bomba de gasolina e a geladeira venceram a televisão e a Internet. A população ocidental começou a se preocupar com as razões da deterioração drástica do seu nível de vida.

“Os russos estão sendo punidos pelas ‘sanções infernais’ devido à operação na Ucrânia, está claro. Contudo, são os europeus que sofrem com estas sanções de forma mais grave. E por quê?”, questiona a jornalista.

Por outro lado, os publicitários anglo-saxônicos se tornaram vítimas das suas próprias atividades.

“A Ucrânia tem sido promovida no campo informacional de maneira tão insistente, que o público acabou por estar farto dela. É que no início contavam que tudo terminasse em algumas semanas, enquanto o tom estava tão alto que não era possível mantê-lo durante um longo período.”

Após a divulgação de fakes na primavera, o público começou a enfrentar a realidade trágica, em que tanto os acontecimentos em Bucha como os numerosos casos de assédio sexual, alegadamente cometidos pelos militares russos em relação a mulheres ucranianas, provaram ser notícias insidiosamente falsificadas e inventadas. Não é de surpreender que, passados uns meses, tais histórias tenham desaparecido quase por completo da agenda midiática ocidental. Pouco a pouco, o público ocidental passou a confiar cada vez menos na narrativa da mídia.
Junto com os civis comuns, os governos nacionais também se aperceberam do que na realidade tem acontecido na Ucrânia. Nas vésperas, durante uma votação na ONU, apenas 54 países, em vez de 141 em fevereiro, apoiaram a resolução que apela para a Rússia terminar a sua operação militar. Entre os 54, quase todos são aliados e, nas palavras da colunista, “vassalos” dos EUA, incluindo os países europeus e o Reino Unido.
Nos próprios Estados Unidos, “o cansaço da Ucrânia” é liderado pelos “jovens republicanos” que apoiam o ex-presidente Donald Trump. Estas forças planejam entrar de maneira triunfante no Congresso e no Senado já no outono que vem. Os que estão neste campo não entendem de todo para que é que inundar Kiev com bilhões de dólares em armas quando seria muito mais útil gastá-los nos próprios Estados Unidos.
Mesmo assim, de acordo com o analista político Aleksandr Motyl, é pouco provável que os EUA abandonem a Ucrânia à sua sorte. Antes de mais nada, segundo ele, a Casa Branca já despejou na Ucrânia somas enormes, que não podem se perder. Além disso, “se Putin vencer”, a Rússia receberá novos territórios, ricos em recursos naturais, e fortalecerá a dependência europeia dos seus combustíveis e todo o mundo – do seu trigo.
Mas, o mais importante é que a vitória russa na Ucrânia, conforme Motyl, mudará o equilíbrio do poder no mundo não a favor do Ocidente. Assim, a hegemonia dos EUA no mundo chegará ao fim – visto que hoje em dia já não existe na realidade, mas continua existindo nas mentes dos cidadãos comuns.
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