A popularidade da Tencent pode ajudar a empresa a fugir da mão forte do governo chinês, mas o poder dela ainda pode sufocar a inovação no país
Alguns meses depois que Wang Xing fundou um serviço de comércio eletrônico semelhante ao Groupon chamado Meituan, ele descobriu que a maior empresa de internet da China, a Tencent, havia iniciado um empreendimento semelhante. “Há algum negócio que a Tencent não faria?”, perguntou ele.
A frase de Wang levou a um artigo em uma revista em 2010 sobre a Tencent, com uma manchete tão profana que dois editores importantes foram demitidos logo depois de sua publicação. A capa mostrava a mascote da Tencent, um pinguim gordinho usando um cachecol vermelho, esfaqueado, com sangue escorrendo no chão.
Dramático, talvez, mas naquela época a indústria tecnológica chinesa considerava a Tencent o inimigo público número um. Esta não hesitaria em copiar a ideia de outra pessoa e tirar sua startup do mercado. Seus principais executivos foram confrontados em conferências do setor e em entrevistas à imprensa. Os empresários a chamavam de a imitadora mais descarada da indústria.
Mais de uma década depois, o governo chinês está finalmente interferindo nas empresas de tecnologia mais poderosas do país – mas não, pelo menos por enquanto, na Tencent. Embora a empresa tenha sido levemente penalizada, o governo concentrou a maior parte de sua atenção no arquirrival da Tencent, o império Alibaba de Jack Ma. O próximo alvo do governo? Talvez a rival da Tencent, a Meituan.
Dramático, talvez, mas naquela época a indústria tecnológica chinesa considerava a Tencent o inimigo público número um. Esta não hesitaria em copiar a ideia de outra pessoa e tirar sua startup do mercado. Seus principais executivos foram confrontados em conferências do setor e em entrevistas à imprensa. Os empresários a chamavam de a imitadora mais descarada da indústria.
Mais de uma década depois, o governo chinês está finalmente interferindo nas empresas de tecnologia mais poderosas do país – mas não, pelo menos por enquanto, na Tencent. Embora a empresa tenha sido levemente penalizada, o governo concentrou a maior parte de sua atenção no arquirrival da Tencent, o império Alibaba de Jack Ma. O próximo alvo do governo? Talvez a rival da Tencent, a Meituan.
As relações tranquilas da Tencent com muitos atores do setor podem ser boas para a empresa, mas talvez ainda dificultem a vida da concorrência e acabem prejudicando o bilhão de usuários de internet que há na China.
“Tanto o Alibaba quanto a Tencent controlam muitos recursos on-line. Ambos podem causar um tremendo dano à nossa sociedade se decidirem fazer o mal”, apontou Yin Sheng, consultor de tecnologia em Pequim.
A Tencent não quis comentar para esta coluna. No passado, declarou que investe em empresas inovadoras de alta qualidade e que abraça a concorrência justa.
Poucos investidores e executivos de tecnologia falam publicamente sobre qualquer empresa. Contudo, mesmo confidencialmente, quando paro de escrever e guardo meu caderno, ouço um monte de queixas sobre como o Alibaba trata as empresas em que investe e os comerciantes que usam suas plataformas – reclamações que a empresa contesta veementemente. Em contraste, essas mesmas pessoas costumam descrever a Tencent e seus fundadores como decentes, humildes e bem comportados.
Parte dessa gentileza vem da necessidade dos negócios. Os bons relacionamentos ajudam a consolidar o poder da Tencent na China. Não há empresa no mundo como ela: verdadeiro monopólio em muitos níveis, exerce o tipo de influência na China com o qual sonham o Facebook, a Amazon, a Apple e o Google.
A Tencent é uma megaplataforma de entretenimento. É a maior empresa de jogos on-line do mundo, possuindo participações na Riot Games e na Epic Games. Possui também os maiores negócios de vídeo, música e literatura on-line da China. Além disso, também é investidora de capital de risco. Em 2020, ultrapassou a Sequoia Capital, empresa de investimentos do Vale do Silício, em número de unicórnios – startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão – nos quais investiu, de acordo com a Hurun Report, firma de pesquisa em Xangai. Por conta própria, apostou em mais de 800 empresas, incluindo uma participação de 12 por cento na Snap e de cinco por cento na Tesla. Em comparação, a GV, anteriormente Google Ventures e o braço de capital de risco corporativo mais ativo dos Estados Unidos, investiu em cerca de 500 empresas.
O mais importante: a Tencent é uma operadora de plataforma, responsável pelo WeChat, aplicativo de mensagens móvel com características de mídia social e serviços financeiros. O negócio do WeChat é que faz com que seja importante para a empresa ter amigos.