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quinta-feira, 04/09/2025

Por que a depressão em idosos é frequentemente ignorada

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Talvez pareça estranho pensar em divisões geracionais na área da saúde mental, mas muitos idosos ouvem dos mais jovens: “Vocês não estão tão conscientes sobre saúde mental quanto nós”, como se a conscientização por si só fosse suficiente para combater a depressão.

No entanto, há alguma verdade nisso. Pascal Schlechter, do Instituto de Psicologia da Universidade de Münster, na Alemanha, explica que, infelizmente, a saúde mental dos idosos ainda sofre muito estigma. Para muitos, é difícil admitir que enfrentam um problema mental e buscar ajuda.

Esse cenário não afeta apenas os idosos, mas também os médicos, que podem interpretar sintomas psicológicos como problemas físicos comuns da idade avançada. Enquanto um jovem que deixa de socializar pode ser questionado sobre depressão, um idoso pode ser simplesmente aconselhado a descansar e aceitar o cansaço como normal.

Depressão nos idosos é diferente?

Um estudo conduzido na Universidade de Cambridge examinou sintomas depressivos em mais de 11 mil pessoas ao longo de 16 anos, e encontrou que os sintomas são semelhantes entre jovens e idosos. Pacientes relataram sentimentos de tristeza, falta de energia, sono perturbado e solidão.

No entanto, Schlechter observa que em idosos há uma maior manifestação de sintomas físicos relacionados à depressão, que muitas vezes são confundidos com o envelhecimento natural, atrasando o diagnóstico e agravando a doença.

Assim, a combinação do estigma, a falta de conscientização e sintomas somáticos agrava a depressão nessa faixa etária. Quanto antes for diagnosticada e tratada, maiores as chances de melhora.

Fatores sociais e tratamento

Além do aspecto médico, fatores sociais impactam na saúde mental dos idosos, como a perda de amigos e familiares, mudanças na identidade social e até abusos por cuidadores, situação destacada pela Organização Mundial da Saúde.

Albino Oliveira-Maia, da Fundação Champalimaud, em Lisboa, destaca que o tratamento medicamentoso para idosos é delicado devido ao risco de interações medicamentosas e toxicidade. Psicoterapia, como a terapia cognitivo-comportamental, é uma alternativa eficaz e personalizada para cada caso.

Desafios em pesquisas e conscientização

Idosos frequentemente são excluídos de ensaios clínicos por questões éticas e pela presença de doenças pré-existentes, o que atrasa o progresso no desenvolvimento de tratamentos adequados para essa faixa etária.

Tanto Schlechter quanto Oliveira-Maia alertam sobre os riscos do autodiagnóstico e da desinformação em campanhas de conscientização. É importante que os idosos conversem com profissionais para um diagnóstico correto e tratamento adequado, evitando equívocos.

Em resumo, a depressão em idosos requer atenção especializada para romper barreiras do estigma, reconhecer sintomas e fornecer tratamentos eficazes, garantindo melhor qualidade de vida nessa fase da vida.

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